Folha de S. Paulo


Replantar 12 mi de hectares de floresta é bom negócio, dizem especialistas

O desafio para combater o desmatamento se traduz em números: no Brasil, 12 milhões de hectares já foram destruídos e serão necessários R$ 52 bilhões para recuperá-los, segundo levantamento do Instituto Escolhas.

Diante de grandezas na casa dos milhões, os seis especialistas que participaram da primeira edição do Diálogos Transformadores de 2016, que teve como tema "Boas Práticas no Combate ao Desmatamento", apontaram perspectivas de negócios e de preservação.

O setor de replantio de árvores é um nicho potencial a ser explorado por empreendedores tanto da iniciativa privada quanto do terceiro setor. É o caso do Ipê (Instituto de Pesquisas Ecológicas), liderado por Suzana Pádua, membro da Rede Folha de Empreendedores Socioambientais.

A instituição de pesquisa e projetos na área ambiental já reflorestou quase mil hectares, o equivalente a 800 campos de futebol.

Números expressivos para uma ONG, mas ainda longe de alcançar a escala desejada, na avaliação da ex-secretária de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, Ana Cristina Barros."Quem vai replantar os outros 11 milhões e 999 mil hectares de florestas nativas?", indaga ela, referindo-se à meta de replantio estabelecida pelo Brasil em acordo assinado com os EUA em 2015.

"Como, quando e quanto? Essas são as questões que a sociedade quer saber", afirmou o ambientalista Sérgio Leitão, fundador do Instituto Escolhas e ex-diretor do Greenpeace, um dos protagonistas do encontro promovido pela Folha, em parceria com a Ashoka.

Elizabeth Carvalhaes, presidente da Ibá (Indústria Brasileira de Árvores), tem parte da resposta no florescente mercado da indústria de florestas plantadas, no qual o Brasil se destaca como "único país do mundo a não utilizar florestas nativas na produção de papel e celulose".

Representante da indústria que gerou R$ 60,6 bilhões em receita bruta em 2014, 5,5% do Produto Interno Bruto (PIB) Industrial, Carvalhaes cita como exemplo a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, projeto formado por 130 empresas, organizações e indivíduos interessados em promover a sustentabilidade.

"A sociedade tem que dialogar e se unir. É ela que vai demandar do governo e das empresas o cumprimento dos compromissos assumidos."

Entre as boas práticas destacadas no evento, transmitido ao vivo pela "TV Folha", estão o incentivo à produção e disseminação de conhecimento e tecnologia, além da valorização e da monetização de serviços ambientais para manter a floresta em pé, de forma que desenvolvimento econômico e sustentabilidade caminhem juntos.

A iniciativa contou com o apoio da Unilever, que realiza campanha com o WWF para financiar a proteção de um milhão de árvores no Brasil e na Indonésia. Para Juliana Carvalho, diretora de Marca Corporativa da empresa, "esses debates são caminho para avançar em projetos sustentáveis que dão resultado".


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