Folha de S. Paulo


'Ser boa não é suficiente', diz CEO de empresa ícone do movimento B

Eles se posicionam no lado B dos negócios.

Um dos ícones do movimento global de empresas que assumem o compromisso de incluir a dimensão socioambiental como parte de sua missão, a fabricante de sorvete Ben&Jerry's foi um dos "cases" recém-apresentados no Brasil.

O prêmio Empreendedor Social está com as inscrições abertas até 15 de maio; participe

Jostein Solheim, CEO global da empresa americana que também faz parte do movimento do clima e de comércio justo, trocou experiências com empreendedores nacionais em um encontro promovido pelo Sistema B, que faz a certificação no Brasil, e a Natura.

"Somos parte da solução e temos que levar adiante essa energia positiva", declarou o executivo, ao falar sobre o compromisso de empreendedor e também atuar para resolver problemas sociais e ambientais, durante a palestra proferida em 28 de abril.

"Ser uma boa companhia não é suficiente", prega Solheim, ressaltando a importância de estar imbuído de uma missão transformadora para a sociedade e para o planeta e ainda se divertir com o que faz.

*"Mas somos sérios em nossas estratégias", pontua o CEO. Entre elas, ele cita a de conscientização de seus consumidores.

Um dos destaques de sua apresentação foi a campanha publicitária do sorvete, produto-símbolo da companhia, que aparece derretendo no anúncio em uma metáfora às mudanças climáticas que ameaçam o planeta. "Salve nosso mundo, aja", é a mensagem do comercial que foi parar no site das Nações Unidas e até na COP 21, fórum de sustentabilidade realizado em Paris no ano passado.

À frente de um dos 50 negócios brasileiros que integram o Sistema B, a advogada Alice Freitas dividiu o palco com Solheim. Diante da questão do que significa ter a certificação, ela não titubeia: "Ser B é ser bom, bonito e do bem".

A carioca criou uma rede de artesãos que já fatura R$ 2 milhões em vendas por ano. Alice relatou sua experiência de usar o comércio como ferramenta de inclusão. "Somos inclusivos para quem faz e exclusivo para quem compra", resume ela, sobre os produtos feitos à mão por 50 grupos de 90 artesãos espalhados pelo país.

O foco da Rede Asta, que foi finalista do prêmio Empreendedor Social em 2013, são os brindes corporativos. "Já entregamos encomendas de 30 mil bolsas feitas por 19 grupos de produtores em três estados diferentes", explica a empreendedora social.

Além de atuar em rede e ter pontos de vendas, a Asta investe também no comércio on-line. "Nosso apelo é que ao consumir um produto bacana, a pessoa tira alguém da pobreza quando compra", diz ela. "Para nós, produto é história."

Outros dois brasileiros compartilharam suas experiências no encontro. Diego Badaró, da Amma Chocolates, encarnou a missão de "usar o cacau como ferramenta de transformação".

Quinta geração de uma família de cacauicultores, ele aposta numa produção orgânica e na mudança de paradigmas no plantio e na comercialização. "O chocolate é a terceira commodity mais vendida no planeta, mas o homem que o coleta não recebe o seu devido valor."

Também focada na agricultura orgânica, a Fazenda da Toca, em Itirapina, interior de São Paulo, passou pelo criterioso processo de certificação e se tornou uma empresa B em 27 de dezembro de 2015.

Administrada por Pedro Paulo Diniz, a terra, antes dedicada ao lazer da tradicional família de empresários, virou modelo de plantio regenerativo de produtos orgânicos e em escala em seus 2.300 hectares.

"Agora, temos que expandir as fronteiras da fazenda e atrair agricultores vizinhos", explicou Fernando Bicaletto, diretor comercial da fazenda, que participou da troca de experiências.

O diretor falou ainda sobre o Instituto Toca, que adotou cinco escolas do município e se insere na proposta de ser um empreendimento com a filosofia do movimento B.

*Renata Puchala, gerente de Sociobiodiversidade e do Programa Amazônia da Natura, a maior empresa de capital aberto a integrar o Sistema B, fechou o painel. "É inspirador ouvir estas experiências de gente e iniciativas que estão reinventando o jeito de fazer negócio," conclui ela. "Nossa missão é construir uma vida melhor à frente de empresas que estão a serviço da sociedade."


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