Folha de S. Paulo


Encontro multimídia debate reciclagem e vira websérie

Com o tema reciclagem, a Folha lançou nesta terça-feira (17) a série Diálogos Transformadores, em parceria com a Ashoka, uma das maiores redes de empreendedorismo social do mundo.

A cada edição, a iniciativa multimídia vai reunir atores-chave para debater e apontar caminhos sobre desafios da agenda sustentável.

Diego Padgurschi/Folhapress
Da esq. para a direita, Gonzalo Muñoz, CEO da Triciclos, Sergio Bispo, catador, Wilson Quintella, fundador da Estre, Eliane Trindade, editora do Empreendedor Social, Luis Fernando Guedes Pinto, do Imaflora, Nabil Bonduki, secretário municipal de Cultura, Thais Vojvodic, do Instituto Coca-Cola, e Alessandro Dinelli, fundador da Descarte Correto
Da esq. para a direita, Gonzalo Muñoz, CEO da Triciclos, Sergio Bispo, catador, Wilson Quintella, fundador da Estre, Eliane Trindade, editora do Empreendedor Social, Luis Fernando Guedes Pinto, do Imaflora, Nabil Bonduki, secretário municipal de Cultura, Thais Vojvodic, do Instituto Coca-Cola, e Alessandro Dinelli, fundador da Descarte Correto

No lançamento, os protagonistas foram o empresário Wilson Quintella, presidente da Estre, maior empresa de gestão de resíduos do Brasil; o empreendedor social Gonzalo Muñoz, CEO da Triciclos, que leva inteligência à destinação do lixo; e o catador Sergio Bispo, que integra o coletivo Kombosaseletiva.

Na primeira parte do evento, o trio foi entrevistado ao vivo na TV Folha. "O catador tem que virar um prestador de serviço, ensinando o cidadão, como um monitor ambiental", propôs Muñoz.

Encontrou eco em Bispo. "Para mim, lixo não existe", diz o catador, que tira dos dejetos mais do que subsistência. Virou empreendedor.

Para Quintella, indústria e catadores podem ser parceiros, sem esquecer que a tecnologia é imprescindível para atingir escala.

"São Paulo produz 12 mil toneladas de lixo por dia, fora cerca de 4.000 toneladas vindos da varrição. É preciso usar tecnologia para uma adequada destinação dos resíduos e ter escala."

O DEBATE

Para qualificar o debate, Nabil Bonduki, atual secretário Municipal de Cultura, responsável pela implementação do Plano Nacional de Resíduos Sólido, em sua passagem pelo Ministério do Meio Ambiente, participou da segunda etapa do debate.

"Falamos muito dos resíduos urbanos, mas há também os da mineração", frisou ele, referindo-se ao rompimento da barragem de dejetos da Samarco, em Mariana (MG). "O Plano Nacional tem um capítulo específico sobre isso que foi ignorado."

Também interagiram com os protagonistas o agrônomo Luis Fernando Guedes Pinto, do Imaflora e membro da Rede Folha de Empreendedores Socioambientais; Thais Vojvodic, gerente de operações do programa Coletivo Reciclagem do Instituto Coca-Cola; e Alessandro Dinelli, fundador da Descarte Correto, empresa que trabalha com a destinação de lixo digital.

A discussão apontou para o consumo consciente, puxada por reflexões do guru brasileiro Prem Baba, que participou dos Diálogos Transformadores em mensagem gravada. "Estamos vivendo uma ameaça de destruição. Na raiz deste desequilíbrio está o consumo. Precisamos repensar o capitalismo para que inclua a sustentabilidade."

INSPIRAÇÕES

A responsabilidade do capital também foi destacada por Bonduki: "Precisamos pensar um novo modelo de desenvolvimento. Não vejo outra saída que não seja trabalhar na redução da geração de resíduos pela indústria." As responsabilidades do consumidor e do poder público também foram ressaltadas.

Na terceira e última parte do evento, o público se emocionou com casos inspiradores. Entre eles, o do mineiro Liberato Silva, ex-morador de rua que hoje dá oficinas na prestigiosa Universidade Stanford. "Em Belo Horizonte, eu dormia na praça e ia para a faculdade a pé assistir aulas como ouvinte", conta. "A educação transforma vidas."

Ele hoje é dono da Liber Robótica, que fabrica brinquedos com sucata eletrônica e faz parte do Programa Dignidade, da Fundação Dom Cabral, parceira do Prêmio Empreendedor Social.

O ex-garimpeiro, Domingos de Araújo, que virou catador e presidente da CooperLeste, também compartilhou suas vivências. "O ouro que procurei no garimpo agora encontro no lixo." Já Luis Salvatore, do Instituto Brasil Solidário, falou sobre o projeto que transforma escolas em ponto de coleta no sertão do Ceará.

BALANÇO

A coordenadora de projetos da Ashoka Deise Hajpek fez um balanço do evento. "Os participantes conseguiram apontar caminhos factíveis em que a sociedade participa como um todo."

O conteúdo do encontro será transformado em minidocumentário e integrará uma websérie. O programa já tem duas edições confirmadas para 2016, em parceria da Unilever.


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