Folha de S. Paulo


WWF estuda uso de drones para monitoramento ambiental no Brasil

"E se a tecnologia estivesse a serviço da natureza?" Com essa pergunta, a WWF-Brasil lança o projeto Ecodrones nesta sexta-feira (17), para avaliar o uso dos aviões não-tripulados em monitoramentos. Com foco em conservar a biodiversidade, o teste será feito em regiões da Amazônia e do Cerrado.

Ainda que entre 2012 e 2013 o desmatamento da Amazônia legal tenha reduzido 18%, segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), há regiões em que ele ainda cresce –e muito.

É o caso do Acre, onde houve um aumento de 41% no período, e de Roraima, com variação positiva de 37%.

Teaser do Projeto Ecodrones Brasil.

"Existe uma dificuldade no monitoramento em velocidade suficientemente rápida", explica Leonardo Mohr, coordenador geral de proteção do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), parceiro no projeto.

Ele esclarece que uma equipe em terra levaria dias para fiscalizar uma área como a do Parque Nacional Pau Brasil, no sul da Bahia. O drone, por outro lado, poderia realizar uma cobertura total em um dia.

O instituo já possui um equipamento para testes no parque. O avião não-tripulado é homologado pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) para voar no espaço aéreo brasileiro. Isso é uma exigência e um dos desafios para colocar o projeto em prática.

O especialista em conservação da WWF-Brasil Marcelo Oliveira esclarece que há uma regulamentação vigente, mas não para uso comercial.

"A exigência é que o operador veja o equipamento. Isso limita a tecnologia", afirma sobre os aparelhos que podem alcançar um raio de 80 km.

INOVAÇÃO

O projeto quer utilizar os drones para mudar a maneira com que as fiscalizações são feitas, como no combate a incêndios. O monitoramento é feito pelo governo, que identifica focos de calor. A partir disso, uma brigada é acionada.

"Tem toda uma logística que o drone pode ajudar. Para onde o fogo vai se espalhar? Qual a melhor estrada?", diz Oliveira.

Outra utilização é para monitorar a biodiversidade. O acompanhamento do boto cor-de-rosa, por exemplo, é feito de barco, por um observador. Oliveira afirma que já existem equipamentos que sobrevoam a água.

EXEMPLOS DO EXTERIOR

Ásia, África e EUA já utilizam os aviões não-tripulados para vigiar sua fauna e flora. Na África do Sul, houve uma queda de 92% na morte rinocerontes após o uso dos drones.

Um dos objetivos do projeto é trazer para o Brasil esse uso, "para não demorar 10 anos para tecnologia chegar aqui", afirma Oliveira.

O Ecodrones irá, em conjunto com o ICMBio e a UFG (Universidade Federal de Goiás), estudar as diferentes aplicações da tecnologia, além de lutar por sua regulamentação de uso comercial.

"Temos que ver como apoiar a Anac com a enxurrada de pedidos de certificações que irá receber", fala Oliveira, para mostrar que o problema não está na agência em si.

Mohr esclarece: "Nós defendemos que órgãos de governo tenham tratamento diferenciado do público em geral, que será mais restritivo [quanto ao uso dos drones]."

O projeto deve apresentar um plano de trabalho para iniciar o monitoramento de regiões da Amazônia e do Cerrado em dois meses. Para saber mais, acesse o site.


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