Folha de S. Paulo


Estudante pernambucano concorre a prêmio da ONU com GPS para cegos

O pernambucano Marcos Antônio da Penha, 27, desenvolveu os óculos inteligentes PAW (Project Annuit Walk) para auxiliar pessoas com deficiência visual a se locomoverem. Com raios ultrassônicos, o dispositivo localiza objetos num ângulo de 120° e pode informar o melhor percurso a seguir. O protótipo é um dos finalistas do WSYA (World Summit Youth Awards).

Os óculos são uma das tecnologias "vestíveis", acopladas ao próprio corpo, desenvolvidas no grupo de pesquisa WearIt, que reúne estudantes de diferentes universidades para resolver problemas simples do cotidiano. Dentro desse ramo, os pesquisadores viram na tecnologia assistiva, voltada para um público com algum tipo de deficiência, um nicho de mercado.

Depois de entrevistar pessoas com deficiência visual, Marcos descobriu que a bengala não evita acidentes com telefones públicos e caçambas, por exemplo, pois a parte superior do corpo fica desprotegida.

O pesquisador também constatou, no entanto, que uma nova tecnologia, por melhor que seja, dificilmente substituirá a bengala. "Ela tem um aspecto psicológico tátil, a pessoa toca o chão", esclarece.

Dessa forma, os óculos serão mais um auxílio para cegos e pessoas com diferentes graus de dificuldade para enxergar. Marcos explica que a principal inovação apresentada é a capacidade de calcular os melhores trajetos. "Quando um obstáculo é identificado, os óculos sincronizam com o aplicativo. Então temos mapeados os pontos mais críticos de uma cidade."

Por ser uma solução inovadora, o dispositivo é finalista no concurso mundial da ONU WSYA, realizado pela primeira vez no Brasil em sua sétima edição. A partir desta segunda-feira (15), o evento reúne palestras com profissionais renomados sobre empreendedorismo digital e negócios sociais.

O trabalho do pernambucano concorre com mais dois na categoria luta contra a pobreza, fome e doença. Serão premiados também projetos com potencial de impacto nos Objetivos do Milênio da ONU que se encaixam em cinco outras temáticas: educação para todos; empoderamento das mulheres; valorização da cultura local; meio ambiente e sustentabilidade; e busca da verdade.

Na abertura do WSYA na segunda (15), os 18 finalistas apresentarão brevemente seus trabalhos. Para Lucas Foster, diretor-executivo da ProjectHub, arceira da WSA (World Summit Award) na realização do evento no Brasil, o concurso é uma "oportunidade para esses jovens empreendedores resolverem problemas reais dos países membros da ONU".

O PRÊMIO

Há dez anos o WSYA premia empreendedores sociais e digitais ligados à área de Tecnologia da Informação e Comunicação. O concurso funciona com um incentivo a jovens para que proponham soluções inovadoras a problemas globais.

O objetivo é aproximar a sociedade das metas da WSIS (Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação, na sigla em inglês). "O concurso chega em um momento crucial para a WSA", afirma Foster. "Além dos dez anos do evento, é o ano de encerramento da campanha dos Objetivos do Milênio da ONU."

Confira a programação do WSYA.


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