Folha de S. Paulo


Estudante lança na internet rede colaborativa de troca de tempo

Já imaginou usar suas habilidades e seu tempo livre como moeda de troca para o que você precisa? A universitária Lorrana Scarpioni, 22, conseguiu transformar essa ideia em uma possibilidade real e ampla para internautas do mundo inteiro.

Após assistir a documentários sobre redes de colaboração on-line e modelos de economias alternativas off-line, a estudante de direito e relações públicas juntou os dois conceitos e lançou o Bliive, uma plataforma onde é possível oferecer serviços de diversos tipos e receber em troca outros benefícios.

"Você tem recursos do seu lado e eu do meu, mas não temos dinheiro, que nada mais é que um pedaço de papel. Então, por que não criar uma alternativa para fazer essa troca sem precisar dele?", diz Scarpioni.

A rede funciona assim: você oferece alguma habilidade ou tempo livre para, por exemplo, passear com o cachorro de alguém e em troca recebe uma aula de violão.

O sistema, criado com a ajuda de mais seis pessoas entre colaboradores e sócios, é baseado no funcionamento dos bancos de tempos, que é uma das ferramentas utilizadas pela economia solidária para impulsionar o desenvolvimento social e econômico.

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As diversas possibilidades de trocas são possíveis por meio da moeda, chamada Time Money, que circula na rede. Cada atividade realizada gera uma quantia, que serve para ser trocada por outro serviço a ser recebido.

Os benefícios são ampliados por meio da parceria com ONGs que precisam de trabalhos voluntários. Após realizar a ação, o voluntário, que foi selecionado por meio do Bliive, recebe créditos para gastar na rede.

"Todo mundo tem valor", diz a universitária. "Mesmo que você não tenha um talento para doar pode ir até uma ONG e fazer um trabalho voluntário. Passa uma hora lá e recebe um Time Money."

Dentro das políticas do negócio social estão as premissas de nunca cobrar do usuário e não permitir propaganda.

"Nossa ideia para se manter é fazer parcerias com lugares seguros onde as pessoas possam se reunir para fazer as trocas e se apresentar como alternativa para o usuário. E também oferecer a criação de redes colaborativas fechadas para empresas e escolas", conta Scarpioni.

No ar apenas há dez dias, a plataforma já possui mais de 1.300 cadastrados e tem uma lista de espera de mais 2.000 pessoas. "Nesse primeiro momento, estamos fazendo uma triagem dos participantes para que não haja cadastros repetidos ou perfis falsos."

Além de brasileiros, há usuários do Canadá, EUA, Índia, Austrália, entre outros países.

"Principalmente na Europa a cultura de trocas está fazendo muito sentido para as pessoas. Aqui ainda não temos isso, mas somos aptos a querer ajudar", diz. "Caso perceba que há poucas pessoas da sua área para fazer as trocas, nós incentivamos a chamar os amigos para participar."

A estudante, que considera o Bliive como um projeto para toda vida, pretende lançar no futuro um aplicativo móvel do sistema.

"A colaboração é uma tendência. Precisamos mais de pessoas do que de coisas ou de recursos financeiros."


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