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Fuvest exigiu disposição e domínio de conteúdo, avaliam professores

Luiz Claudio Barbosa/Código19/Folhapress
Candidatos fazem 1º fase da Fuvest no prédio da FEA (Faculdade de Economia Administração e Contabilidade)
Candidatos no prédio da FEA (Faculdade de Economia Administração e Contabilidade)

A primeira fase da Fuvest, aplicada neste domingo (26), exigiu muita disposição, domínio absoluto dos conteúdos do ensino médio e uma capacidade de contextualização de diferentes áreas, segundo a análise de professores de cursinhos da capital paulista.

"É uma prova em que se você sabe mais ou menos um conteúdo, não se chega à questão certa", diz Vera Lúcia da Costa Antunes, coordenadora do Objetivo.

Nesta primeira fase, os candidatos tiveram que responder a 90 questões de múltipla escolha nas áreas de biologia, física, geografia, história, inglês, matemática, português e química.

Os professores ouvidos pela Folha, classificaram a prova de trabalhosa, assim como os candidatos, porque desta vez os textos de apoio ficaram mais longos e tomaram conta até mesmo dos enunciados de exatas. "Química e Física tiveram enunciados mais longos e isso deve ter irritado os candidatos", afirma Célio Tasinafo, do cursinho "Oficina do Estudante", de Campinas (SP).

Todos os docentes também avaliaram que a prova de matemática foi a mais difícil nesta primeira fase em relação às anteriores. Gilberto Alvarez, coordenador-executivo do cursinho da Poli, diz que a Fuvest abusou na cobrança de conhecimentos em funções. "Essa área da matemática ocupou 30% da prova. Não caiu nenhuma questão de geometria analítica e espacial."

"A prova de matemática foi de alto nível porque exigiu fórmulas, regras e conceitos muito claros. E uma capacidade avançada de interpretação do que se pediu", analisa Vera Antunes, do Objetivo.

A prova também testou a capacidade de estabelecer relações entre conteúdos distintos. Uma questão explorou o conto "Sarapalha", de Sagarana (Guimarães Rosa) e perguntou qual doença transmitida por um mosquito havia devastado a população de uma vila inteira —fato narrado no conto. "É um teste de biologia dentro do de português", diz Gilberto Alvarez, do cursinho da Poli.

A primeira fase também se mostrou atual e atenta às efemérides do ano. A prova cobrou o acordo climático desfeito pelo presidente americano Donald Trump e também abordou em física os 30 anos do maior acidente nuclear do Brasil: o do Césio 137, em Goiânia.

Em história, uma mudança: não foram cobrados conhecimentos da fase republicana e nem do Brasil moderno. Em geografia, temas relacionados ao meio ambiente, com gráficos e mapas seguiram a tendência da área.

Entre os nove livros literários, a prova cobrou trechos das publicações e exigiu conhecimentos de fatos históricos. Um fato chamou a atenção dos professores: não caiu nenhuma questão do livro de Iracema (José de Alencar). "A chance dele cair na segunda etapa, agora, será muito grande", avalia Paulo Moraes, diretor de ensino do Anglo.

FALTOSOS

A Fuvest registrou 9,1% de abstenção -de um total de 137.581 inscritos. É o menor índice desde o vestibular de 2011.

A prova começou às 13 horas, com duração máxima de cinco horas. Os candidatos só puderam deixar os locais de prova a partir das 16h.

O gabarito oficial foi divulgado neste domingo. Confira aqui as respostas da primeira etapa.

O resultado da primeira fase será divulgado no dia 18 de dezembro no site da Fuvest. As provas da segunda fase serão realizadas nos dias 7, 8 e 9 de janeiro de 2018.

Os candidatos concorrem a 8.402 vagas em 182 cursos de graduação da USP. Outras 2.745 vagas da universidade serão preenchidas pelo Sisu (Sistema de Seleção Unificado), que usa a nota do Enem.


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