Folha de S. Paulo


Start-ups de ensino a distância somam R$ 21 bi em investimento no mundo

Bruno Santos/Folhapress
Daniel Liebert, fundador da plataforma de ensino Stoodi
Daniel Liebert, fundador da plataforma de ensino Stoodi, na sede da empresa, em São Paulo

Empresas jovens, com propostas de educação híbrida ou a distância, injetam tecnologia e novas formas de ensinar na educação básica e universitária. O mercado cresce anualmente e já recebe mais de US$ 7 bilhões (R$ 21,9 bilhões) em investimento no mundo todo.

Segundo levantamento da Metaari, consultoria americana especializada em tecnologia educacional, empresas dessa área receberam 12% mais investimentos em 2016 em relação ao ano de 2015.

O Stoodi, de São Paulo, foi fundado em 2013 como uma plataforma de aulas em vídeo e exercícios. Os planos de estudo, personalizados de acordo com a agenda e os objetivos do estudante, são voltados para recuperação escolar, vestibulares e Enem.

Edenilson Sabino,18, morava em sua cidade natal, Itatira (CE), a 186 quilômetros de Fortaleza, na época em que se preparava para o vestibular, em 2016. A cidade, porém, não tem nenhum curso pré-vestibular e sua família não tinha condições de mantê-lo estudando em outro município.

Foi então que Sabino encontrou o Stoodi em pesquisas de internet e começou a estudar usando a plataforma.

"A educação básica na minha cidade era precária, sem professores com a formação adequada. Foi estudando on-line que me senti um aluno de verdade", diz ele, que cursa agora o primeiro semestre do curso de Engenharia Elétrica na UFC (Universidade Federal do Ceará).

Segundo Daniel Liebert, fundador do Stoodi, o site deve chegar ao mês de agosto com 800 mil cadastrados.

Para ter acesso completo às aulas é preciso pagar (R$ 49,90 é o preço mensal do curso preparatório para o vestibular), mas os cadastrados que não pagam têm acesso a uma parte do conteúdo.

Em 2013, Felipe Amaral de Mattos, gerente de inovação da Kroton Educacional, dona de universidades como Anhanguera e Unopar, participou da fundação da Studiare, uma plataforma de ensino adaptativo.

Nos primeiros anos, a empresa desenvolveu produtos em parceria com instituições de ensino até que, em 2015, foi comprada pela Kroton.

Hoje, ela é usada pelos cursos de universidades do grupo para nivelamento de conhecimentos do ensino médio e, após a metade da graduação, a estimulação de habilidades esquecidas, por meio de testes.

"Mas este é um mercado complexo. Para funcionar, o produto deve ter uma proposta clara e a empresa deve ter bons professores e conteúdo relevante", afirma Mattos.

No Colégio Visconde de Porto Seguro, na zona oeste São Paulo, os alunos do ensino fundamental e médio interagem com os professores através do Moodle, um ambiente virtual de aprendizagem gratuito.

Segundo Joice Lopes Leite, coordenadora de tecnologia educacional da escola, até parte da recuperação de notas é feita on-line, reduzindo o gasto de tempo e papel.

"Plataformas virtuais permitem um aprendizado mais autônomo, mas o papel da escola de checar o conteúdo e dar sentido para o conhecimento ainda é importante", diz Leite.

PREPARO

Voltado para professores de ensino básico que querem aprender a lidar com tecnologias educacionais, a EvoBooks, start-up incubada no Cietec (centro de inovação ligado à USP), lançou o Programa Inspira.

Segundo Gabriela Pimenta, gerente de projetos da EvoBooks, mais de 2.000 professores já fizeram o curso (a distância) que ensina, por exemplo, como incluir aplicativos educacionais nas aulas. Um dos primeiros clientes a adquirir o produto foi o governo do Estado do Amazonas, para capacitar professores da rede pública.

Para ter acesso aos conteúdos, disponíveis para todas as matérias obrigatórias no ensino básico, o professor paga mensalidades a partir de R$ 19,90.


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