Folha de S. Paulo


Com salários atrasados, professores da Uerj decidem por greve após as férias

Com salários atrasados, docentes da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) decidiram, em assembleia realizada na última quinta-feira (6), que entrarão em greve no dia 1º de agosto, quando começariam as aulas do segundo semestre.

"Neste semestre fizemos muito sacrifício para manter o mínimo de serviços, mas a possibilidade de fazermos esse sacrifício se esgotou. A categoria está endividada, não tem mais dinheiro para ir à faculdade", diz Lia Rocha, presidente da Asduerj (Associação dos Docentes da Uerj).

Com um déficit de R$ 21 bilhões nos cofres do Estado, o governo de Luiz Fernando Pezão (PMDB) vem atrasando e parcelando salários de servidores.

Os docentes decidiram se reunir novamente em agosto para reavaliar a situação. O último salário que receberam foi o referente ao mês de abril, e mesmo este, ainda não foi pago integralmente.

O décimo terceiro referente ao ano de 2016 também não foi pago. A exceção é para aposentados e pensionistas que têm remuneração bruta de até R$ 3.200, que receberam o abono dia 20 de março. O pagamento para os demais segue sem previsão de depósito.

Servidores técnicos e administrativos já estão em greve, e vêm trabalhando em regime de escala, em dias e horários específicos, com ciência da reitoria.

Procurada, a reitoria não se posicionou oficialmente, mas o reitor, Ruy Garcia Marques, vem dizendo em entrevistas que se sensibiliza com a situação dos servidores.

A crise da universidade também afeta de maneira direta a população. Com capacidade para 512 leitos, o Hupe (Hospital Universitário Pedro Ernesto) anunciou na semana passada que passará a trabalhar com apenas 100, o que deixará pessoas sem atendimento e compromete o estudo dos residentes da universidade.

Em junho de 2016, o governo do Estado decretou estado de calamidade pública, situação que permanece até hoje. O motivo, segundo o governo, foram reduções drásticas da arrecadação de tributos, a queda do preço do petróleo e dos investimentos da Petrobras.

Além de precarizar serviços públicos, o buraco do orçamento também deixa servidores com pagamentos de salário atrasados e parcelados e sem o 13º de 2016. A pecha de estado em crise vem sendo aprofundada pelo cenário político, com um ex-governador preso e o atual, tentando não ser deposto enquanto impõe cortes impopulares.

Em nota, o governo diz que reconhece a importância da Uerj e que tem concentrado esforços na busca de soluções para a superação do atual quadro de graves dificuldades enfrentadas pela instituição.

"Os números ilustram a persistente luta do governo estadual pela Uerj. A grave crise financeira enfrentada pelo Estado que, junto aos Estados do Rio Grande do Sul e Minas Gerais, já decretou calamidade financeira, não impediu repasses de custeio à universidade que totalizaram R$ 767,4 milhões em 2016, sendo R$ 189,2 milhões em custeio e R$ 578,2 milhões em pagamento de pessoal", diz o governo.


Endereço da página:

Links no texto: