Folha de S. Paulo


Alunos da Grande São Paulo iniciam ano letivo sem passe-livre

Passageiros do BOM (Bilhete de Ônibus Metropolitano) que têm direito ao passe-livre reclamam que não estão conseguindo o benefício devido a falhas no novo sistema de recadastramento.

Eles afirmam que, em alguns casos, vão ter que esperar até março para conseguir o benefício. A situação se complica porque a tarifa teve aumento neste ano (os valores variam de acordo com o trajeto).

O BOM é o cartão que moradores da região metropolitana usam para pagar ônibus intermunicipais, trens e metrô. Têm direito ao passe-livre alunos da rede pública e do ensino superior, com renda familiar inferior a 1,5 salário mínimo (R$ 1.405,50).

Os passageiros dizem que o recadastramento, feito pela internet, foi alterado pela EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), da gestão Geraldo Alckmin (PSDB). Eles reclamam que, agora, há falhas no sistema.

Rivaldo Gomes/Folhapress
O estudante Eduardo Biazon Pessoa, 22, de São Bernardo do Campo (ABC), mostra seu cartão BOM; passageiros reclamam de falhas no recadastramento, o que tem causado demora na aprovação de benefícios
Usuários reclamam de falha no recadastramento do cartão BOM, que tem causado atraso em benefícios

É o caso da assistente fiscal Thais Santos de Oliveira, 29, de Embu (Grande SP). A estudante do curso de contabilidade iniciou o processo de validação em 17 de janeiro. "Só depois de 15 dias eles disseram que o comprovante de residência que eu passei não serve. Mandei outro comprovante de endereço e aí eles me disseram que vão demorar mais 15 dias. Só vão liberar em março", disse. Sem o benefício, ela gasta R$ 18 por dia para estudar.

William Araújo, 27, mora no Itaim Paulista (zona leste) e estuda engenharia da computação em Guarulhos (Grande SP). Sem o benefício, não está conseguindo ir à faculdade por falta de grana. Ele diz que o sistema pede para ele colocar as 16 páginas do seu contrato com o Fies (Fundo de Financiamento Estudantil), mas só aceita um arquivo.

"Eu reclamei e eles liberaram para dois arquivos. Coloquei a parte do contrato com nome e número de documentos. Após 15 dias, não aceitaram."

AJUDA DO IRMÃO

Eduardo Biazon Pessoa, 22, mora em São Bernardo do Campo (ABC) e estuda em uma Etec (escola técnica do Estado) em Santo André (ABC). Ele reclama tanto da demora para renovar o benefício quanto do preço das passagens. Quem está pagando as viagens dele é o seu irmão mais velho.

"Além de não me darem o passe-livre, aumentaram a tarifa do trólebus de R$ 4 para R$ 4,20", reclama. Após a reportagem procurar a EMTU, o benefício foi liberado. No entanto, à noite, ele relata que, quando tentou passar o cartão BOM na catraca, não funcionou.

A adolescente Laís Oliveira, 17, mora em São Caetano do Sul (ABC) e também estuda na Etec de Santo André. "Tento falar com a Ouvidoria, mas não consigo. No dia 31 de janeiro eu mandei o último documento, e nada", diz Laís, que cursa o ensino médio em outro período. Ela diz que tem que contar com o dinheiro dos pais para pagar o transporte. "Se eu tivesse tempo para trabalhar, pagaria do meu bolso."

OUTRO LADO

A EMTU nega problemas e diz que a liberação do passe-livre está normal. Em relação à universitária Thais de Oliveira, a empresa diz que o benefício estará disponível até dia 23.

A estudante disse que o problema foi resolvido nesta quarta (15). Willian Araújo terá que "enviar cópias do contrato" com o ProUni. Sobre Eduardo Pessoa, a empresa afirma que "o documento está em análise".

A adolescente Laís Oliveira, diz a EMTU, pediu a revalidação no dia 16 de janeiro, "mas enviou os documentos" no dia 31.


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