Folha de S. Paulo


Aluno pode buscar bolsas, crédito ou fazer pé-de-meia para pagar a pós

Pagar uma pós-graduação pode virar um problema se não houver planejamento. A orientação de especialistas é comprometer só 20% da renda com o curso.

Michael Viriato, consultor financeiro do Insper, recomenda poupar 5% do salário por, ao menos, quatro anos antes de fazer a matrícula.

"O peso será menor, e o aluno não vai sentir tanto os efeitos dos juros", diz. Mas se a intenção é mudar de carreira é melhor não esperar –o conhecimento pode fazer diferença no salário.

Foi o que fez a farmacêutica Tamires de Paula, 27, que trabalhava no call center de uma indústria de medicamentos quando resolveu fazer um MBA em marketing na Universidade Presbiteriana Mackenzie, com duração de dois anos. Ainda na metade do curso, virou analista de marketing da empresa.

Fernando Frazão - 24.jul.2012/Folhapress
Cédulas da Casa da Moeda do Brasil (CMB), em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio
Cédulas da Casa da Moeda do Brasil (CMB), em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio

Tamires optou por um financiamento. Ela paga 50% da mensalidade durante a pós e, depois que terminar, terá o dobro do tempo do curso para quitar o débito, a uma taxa de juros de 1,35% ao mês.

Há ao menos quatro linhas de financiamento para pós-graduação em bancos e empresas de crédito educativo do país. Também há bolsas de estudo de fundações ou do governo.

O economista Rafael Baddini, da Ideal Invest, que oferece a linha de crédito Pravaler, explica que algumas empresas têm parcerias com instituições de ensino e pode haver subsídio dos juros.

O Bradesco, que financia a pós até no exterior, também dá o dobro de tempo para o aluno pagar o curso com taxa de até 2,94% ao mês. O Santander segue na mesma direção do mercado de crédito, com juros de 2,39%.

Na Fundacred, além da linha tradicional, um crédito corporativo isenta o beneficiado se ele permanecer na empresa parceira do programa pelo mesmo período que levou para se especializar. Mas há uma condição: os empregadores escolhem os cursos.

DO PRÓPRIO BOLSO - LINHAS DE CRÉDITO DISPONÍVEIS NO BRASIL

NA GELADEIRA

Uma proposta do governo que estenderia o financiamento estudantil para quem cursa mestrado ou doutorado em instituições privadas está engavetada desde 2014.

O Fies (financiamento estudantil) da pós, como ficou conhecido, nunca saiu do papel e deixou a ver navios estudantes e faculdades.

Geraldo Nunes Sobrinho, diretor de programas e bolsas da Capes (agência que regula o setor), culpa a crise. "Não saiu do papel por falta de recursos. Sabemos que a demanda é grande no país."

Segundo ele, a Capes concede bolsas a 11 mil estudantes que fazem pós em faculdades privadas –mas há 26 mil sem esse benefício. "Eles podem ter bolsas via Estados ou de outros órgãos."

Com orçamento previsto de R$ 3,2 bilhões em 2017 (em 2016 foi de R$ 2,9 bilhões) só para a pós, a Capes, segundo Sobrinho, aguardava desde então uma recomendação do FNDE (fundo que gere os recursos do Fies, do Mec), sobre a implementação ou não da nova linha de crédito.

O FNDE, via assessoria de imprensa, disse que "o Mec estudava o assunto." Já o Ministério da Educação, também por meio de nota, informou. "Não há estudo."

E acrescentou. "Em julho de 2014, às vésperas da eleição presidencial, ainda na gestão Dilma Rousseff (PT), o Mec fez o lançamento do Fies para a pós. No entanto, o programa foi deixado de lado ainda naquela época."

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REFORÇO ESCOLAR
Como e onde conseguir bolsas de estudo

CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior)
Mestrado, doutorado e pós-doc no Brasil e no exterior
Valor De R$ 1.500 (mestrado) a R$ 4.100 (pós-doc)
Como concorrer Para bolsas no país, verificar junto aos programas de pós-graduação. Para bolsas no exterior, ver editais publicados pela Capes, com regras específicas
Prazo para inscrição Depende das instituições
Informações capes.gov.br

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FUNDAÇÃO ESTUDAR
MBA, mestrado, doutorado e pós-doc no exterior
Valor Entre 5% e 95% do valor pedido pelo candidato, dependendo de fatores como dificuldades financeiras do estudante
Como concorrer O processo seletivo tem ao todo sete etapas, entre provas, entrevistas e painéis
Prazo para inscrição 24/3
Informações bolsas.estudar.org.br

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CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico)
Mestrado, doutorado e doutorado-sanduíche
Valor De R$ 1.500 (mestrado) a R$ 4.100 (pós-doc)
Como concorrer Preencher formulário na plataforma Carlos Chagas (cnpq.br/formulario-online) e verificar as regras de cada bolsa
Prazo para inscrição Depende das instituições
Informações cnpq.br

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ORANGE TULIP SCHOLARSHIP BRAZIL
MBA e mestrado para brasileiros em universidades holandesas
Valor Até € 50 mil
Como concorrer Antes de pedir a bolsa é preciso ser aceito em alguma universidade participante. É preciso ter formação em nível superior, inglês fluente e nacionalidade brasileira
Prazo para inscrição 1º/4
Informações nesobrazil.org/bolsas-de-estudo/orange-tulip-scholarship

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FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo)
Iniciação científica, mestrado, doutorado e pós-doc no Brasil
*Valor*De R$ 643,20 (iniciação científica) a R$ 6.819,30 (pós-doc)
Como concorrer O candidato deve estar vinculado a uma instituição de ensino paulista, ter um orientador e apresentar um projeto por meio do Sistema de Apoio a Gestão (SAGe), no site da Fapesp
Prazo para inscrição Qualquer época do ano
Informações fapesp.br

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INSTITUTO LING
MBA e mestrado em áreas como direito e administração pública, no exterior
Valor Pode chegar a US$ 35 mil
Como concorrer O processo seletivo tem quatro etapas, que inclui entrevista individual e dinâmica de grupo
Prazo para inscrição 5/5
Informações institutoling.org.br


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