Folha de S. Paulo


Alunos esvaziam ocupação no PR para fazer Enem em outros locais de prova

Paulo Lisboa/Folhapress
CURITIBA, PR, 06.11.2016 - 13:40 â€
Estudantes na ocupação do Colégio Estadual do Paraná, em Curitiba, onde Enem teve que ser adiado

Ocupado há um mês, o Colégio Estadual do Paraná não pôde receber o Enem no final de semana, mas pelo menos 30 dos estudantes que tomaram o espaço saíram de lá para prestar a prova em outros locais da capital paranaense.

Na manhã deste domingo (6), seis alunos que estavam com violão nas escadarias da entrada do maior colégio público do Paraná confirmaram a informação à Folha.

O local esvaziado –havia outros cerca de 15 alunos dentro do colégio– e a aparente calma misturavam-se, porém, a uma dose de incerteza sobre o futuro da ocupação.

A escola, que seria uma das sedes das provas neste fim de semana, faz parte dos 44 colégios que tiveram reintegração de posse determinada por meio de liminar da Justiça.

Em meio às ocupações pelo país, mais de 270 mil estudantes tiveram a prova do Enem adiada para dezembro.

Em Curitiba, questionados sobre o local não ter abrigado a prova enquanto alguns dos ocupantes saíram para prestar o Enem, os alunos disseram não ver contradição.

"Não foi uma decisão nossa de não fazer as provas aqui. A gente poderia continuar com a mobilização e as provas serem feitas. Foi uma decisão do governo federal", disse um dos estudantes do grupo. Como tem sido comum nas ocupações dos colégios, os seis alunos não quiseram fornecer seus nomes.

No começo da noite de domingo, depois do final da prova, a Folha voltou ao colégio e parte dos alunos que saíram para fazer o Enem já havia retornado à ocupação –que tinha cerca de 60 pessoas.

Nos últimos dias, quem iria prestar o Enem teve aulas específicas ofertadas voluntariamente aos interessados. Segundo um estudante, alguns iam para casa estudar e voltavam para a ocupação, enquanto outros traziam livros e estudavam no colégio.

Cartazes contra a mídia, a reforma do ensino médio e a PEC que estabelece teto de gastos do governo, proposta do governo Temer, permaneciam espalhados pelo pátio.

Além disso, manifestantes participaram no fim de semana de rodadas de filmes que tinham política como tema.

DESAVISADOS

Em outro colégio estadual ocupado no Paraná, o Barão do Rio Branco, dois funcionários designados pelo Ministério da Educação ficaram na frente da instituição no início da tarde deste domingo para informar aos desavisados que no local não seriam realizadas as provas do Enem.

Quem também estava em frente ao colégio era o diretor Pedro Billo, que considerava a ocupação "incoerente". "Não sou contra as reivindicações dos alunos, mas existiriam outras maneiras de protestar. Tenho 30 alunos na ocupação e 450 sem aulas."

No Colégio Júlia Wanderley, que também seria palco das provas do Enem, só dois funcionários do MEC estavam no local. Avisos de que não seriam realizadas as provas estavam colados no portão.

Nenhum aluno foi encontrado no local –eles podem ter saído antes de ser cumprido o mandado de reintegração de posse da Justiça.

Na última sexta-feira (4) foram desocupados seis dos 44 colégios estaduais em Curitiba. Em dois deles, Lysimaco Ferreira da Costa e Pedro Macedo, houve nos últimos dias confrontos entre estudantes e manifestantes que pediam o fim das ocupações.

Sobre a reintegração de posse, os alunos do Colégio Estadual do Paraná disseram que ela não assusta, mas sabem que a medida poderia ocorrer nas próximas horas.

"Mas só vamos tomar alguma medida sobre a possibilidade de reintegração depois de fazermos uma assembleia", disse um estudante.

O ato deve ser realizado minutos após o oficial de justiça ir à porta do colégio.


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