Folha de S. Paulo


MEC rebate críticas e já fala em reforma do ensino médio só para 2019

Moacyr Lopes Junior/Folhapress
SAO PAULO, SP, BRASIL. 23.09.2016. Alunos da E E Alexandre von Humbolt, durante a aula de educacao artistica; o MEC faz reestruturacao do curriculo do ensino medio do pais e apenas dsciplinas como portugues, matematica e ingles continuarao obrigatorias. (Foto: Moacyr Lopes Junior/Folhapress,
Alunos da escola Alexandre von Humbolt, durante a aula de educação artística

Representantes do Ministério da Educação já cogitam a possibilidade de que o início do novo modelo de ensino médio anunciado pelo governo demore mais tempo do que o previsto e fique apenas para 2019.

Segundo a secretária-executiva da pasta, Maria Helena Guimarães, a data depende do andamento do debate sobre a base nacional curricular comum, documento que irá definir quais conteúdos que permanecem como obrigatórios para serem ensinados pela rede de ensino –o restante, de acordo com a proposta, deve ser flexibilizado e escolhido pelo aluno.

Até então, o governo falava em ter as primeiras turmas do novo modelo já no início de 2018, com possíveis testes no ano que vem por redes interessadas.

Reforma do ensino médio

"Não dá para pensar em implantar essa reforma antes da implantação da base nacional curricular comum. Isso demora. Acreditamos que só em 2018 ou 2019 será possível a implantação dessa proposta de reforma, como imaginamos que será a discussão e debate da base nacional comum", afirmou Guimarães, para quem a implantação também depende do alinhamento entre as redes de ensino.

O governo também aproveitou a divulgação dos dados do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) por escola nesta terça-feira (4) para rebater críticas sobre a proposta, anunciada pelo governo no último mês por meio de uma medida provisória, hoje em análise no Congresso.

Na apresentação, Guimarães destacou que escolas com mais alunos de maior nível socioeconômico -indicador que considera escolaridade dos pais, posse de bens e contratação de serviços– apresentam médias maiores no Enem do que aquelas com mais alunos de nível mais baixo.

"Do grupo de alto nível socioeconômico para o médio há uma diferença de 100 pontos, que é muito grande e quase absurda", afirmou a secretária. "Ter mais de 100 pontos de diferença revela a enorme desigualdade no ensino médio. Muitos alegam que a reforma vai aumentar a desigualdade, mas é o contrário, ela vai promover maior equidade ao sistema. Os alunos dos estratos inferiores de renda nem se inscrevem para fazer o Enem. Que igualdade é essa?", disse, em tentativa de rebater as críticas de educadores que temem que o novo modelo acentue ainda mais as diferenças da rede.

Mesma posição foi apresentada pela presidente do Inep, Maria Inês Fini. "Os resultados vêm acrescentar mais uma vez a imperiosa necessidade de reforma do ensino médio. Temos contingente enorme de alunos que estão aprendendo muito pouco, e de maneira muito conservadora e tradicionalista e por um currículo que precisa ser reformulado", disse.

Questionadas, as duas representantes evitaram comentar possíveis mudanças para as novas edições do Enem diante da reformulação.

"Vamos aguardar a reforma do ensino médio. Seguramente o Enem virá para assegurar essa reforma, mas só vamos falar do Enem 2017 depois do Enem 2016", disse Fini. Ela também fez críticas às tentativas de algumas escolas privadas em selecionar alunos para obter melhores resultados no Enem.

"A seleção de alunos é cruel. Não podemos permitir isso na rede pública em hipótese alguma e devemos combater inclusive a iniciativa privada que faz isso", completa.

REFORMAS NO ENSINO MÉDIO - Principais mudanças propostas pela medida provisória do governo Temer


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