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Pior Enem de SP teve quadra tomada por pombos e disciplina sem professor

Fabricio Lobel/Folhapress
Fachada da Escola Estadual Nair Olegário Cajueiro, no Jardim Ângela, na zona sul de São Paulo
Fachada da Escola Estadual Nair Olegário Cajueiro, no Jardim Ângela, na zona sul de São Paulo

Estar na última colocação de um ranking de educação na cidade de São Paulo não é uma novidade para o colégio Nair Olegário Cajueiro, no Jardim Ângela, zona sul da cidade. Em 2012, quando ainda se chamava Escola Jardim Esperança, obteve o pior Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) de São Paulo.

Quatro anos depois, o desempenho da escola continua baixo e seus alunos obtiveram a pior média no Enem (Exame Nacional de Ensino Médio) 2015 entre as escolas paulistanas.

Em primeiro lugar, ficou a Etesp, a Escola Técnica de São Paulo. Sem levar em conta as escolas técnicas, federais, militares e de aplicação, a melhor escola pública foi a Professor José Monteiro Boanova, na Lapa.

Mesmo tendo ficado em último na média do Enem, o colégio Nair Olegário Cajueiro já teve dias piores, acredita a a aluna do 2º ano do ensino médio, Sabrina Rodrigues, 16. "Nos últimos anos, a situação da escola melhorou. Antes tinha aluno jogando cadeira escada abaixo. Isso não tem mais. Mas ainda tem muito o que melhorar", conta.

Apesar da suposta melhora, Sabrina reclama, por exemplo, da falta de professores de geografia, filosofia e sociologia no início do ano letivo de 2016. "São disciplinas muito importantes, não só pela questão acadêmica, mas para a vida", analisa Sabrina que quer prestar vestibular para jornalismo. As disciplinas já foram ocupadas por novos professores.

Enem 2015
Resultados por escola

A escola ainda sofre com um problema mais inusitado. O acúmulo de fezes de pombos na quadra da escola impossibilitou que os estudantes utilizassem o local para atividades físicas em parte do ano letivo.

Além disso, o elevador da escola está quebrado e, por isso, todos os dias os próprios alunos carregam uma estudante que é cadeirante até o segundo andar da escola, onde ocorrem as aulas. Não há rampas no prédio. Uma promessa antiga, a sala de informática ainda não foi feita e a sala de leitura quase nunca é usada.

Victoria Maria, aluna do 1º ano conta que a indisciplina dos alunos também atrapalha o desenvolvimento das aulas. "É um ciclo, o aluno não tem interesse pela aula e o professor não tem motivação", conta ela que deseja cursar medicina veterinária.

Segundo Victoria, até a presença da Polícia Militar atrapalha no desempenho dentro de aula. "Qualquer questão de indisciplina sempre ameaçam chamar a ronda [da PM]. Significa que a escola não tem poder, quem tem poder é a Polícia", analisa.

Mãe de um aluno do 7º ano, Silvana Silva, 28, tem preocupações mais urgentes quando analisa a escola em que o filho estuda. "Eu acho boa. É uma escola segura, ainda mais se comparada com as outras da região".

Marcado pela ocupação irregular e pelos casos de violência, o bairro de Jardim Ângela tem um dos quatro piores índices de desenvolvimento humano da cidade de São Paulo.

A Secretaria de Educação de São Paulo informou que uma tela de proteção foi adicionada na quadra da escola, para evitar a presença de pombos, o que permitiu o uso pelos alunos. Disse ainda que a sala de leitura foi reestruturada e que não há disciplinas sem professores no colégio. A secretaria disse que a sala de informática ficou indisponível por causa de uma obra que durou apenas duas semanas. A secretaria não comentou a falha no elevador.

Ranking do Enem 2015

Enem 2015 Redação Nota 1000


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