Folha de S. Paulo


Na zona norte, alunos viram diretor por um dia

Desde março, uma escola pública brasileira coloca em prática uma experiência ousada de gestão utilizada na província de Ontário, no Canadá. A Escola Municipal de Educação Infantil Nelson Mandela, no bairro do Limão (zona norte de São Paulo), adotou o programa "diretor por um dia", inspirado no modelo canadense.

"Li um artigo sobre isso na internet e entrei em contato com a autora pedindo ajuda para fazer aqui", conta Cibele Araújo Racy Maria, diretora da Nelson Mandela.

Após conversar com a autora do artigo, a paulistana Gisela Wajskop, pesquisadora associada do Ontario Institute for Studies in Education, a diretora iniciou o projeto, nomeando um diretor por semana em cada uma das 14 salas da escola.

As crianças nomeadas, de quatro e cinco anos, acompanham a rotina de seu grupo e depois participam da reunião de gestores para apontar problemas e sugerir sugestões.

"Para fazer gestão democrática é preciso radicalizar. Gestão solidária parece simples, mas compartilhar poder é dificílimo", diz Racy Maria.

O projeto está sendo adaptado e ampliado. As reuniões, antes diárias, passaram a ser semanais. Agora, os funcionários também passaram a ser "diretores do dia".

As equipes de limpeza e merendeiras entraram na roda. "As respostas são incríveis. Um funcionário sugeriu alterar o horário da merenda em 15 minutos, e isso facilitou muito o trabalho da cozinha", conta Racy Maria.

A ideia agora é chamar pais e moradores do bairro para participarem do programa. "O dono da padaria ou da banca de jornais também é um gestor e pode propor novas soluções para velhos problemas da escola."

Essa é uma prática já adotada nas escolas de Ontario, onde a gestão é muito apoiada pela comunidade, conta Wajskop. "O que garante a continuidade de um projeto de educação é a comunidade", afirma Racy Maria.


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