Folha de S. Paulo


Com ensino médio abaixo da meta, ministro quer reformar a área com MP

Pela segunda vez consecutiva, o ensino médio no Brasil não conseguiu atingir a meta de qualidade estabelecida pelo governo. O Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) de 2015, divulgado nesta quinta-feira (8) pelo Ministério da Educação, aponta que o desempenho do ensino médio ficou abaixo do desejável.

A medição da qualidade do ensino médio, feita a cada dois anos, está estagnada desde 2011. O índice de 3,7 foi registrado em 2011, 2013 e 2015. Desta vez, no entanto, o quadro piorou porque o índice se distanciou da meta, que era de 4,3. Em 2013, a meta era menor, de 3,9.

Para o ministério da Educação, o quadro é "caótico". "Os resultados são realmente muito ruins. A nossa missão não é, diante de um resultado como esse, ficar olhando a banda passar", afirmou o ministro da Educação, Mendonça Filho.

Apesar do distanciamento, o ministro afirmou que o governo não cogita reduzir metas estabelecidas para a qualidade da educação. "Não vamos diminuir, nem vamos dobrar a meta", afirmou, numa referência à ex-presidente Dilma Rousseff, que se enrolou ao falar sobre o Pronatec.

Lalo de Almeida/Folhapress
Cartaz fixado no pátio mostra desempenho no Ideb de escola no Acre
Cartaz fixado no pátio mostra desempenho no Ideb de escola no Acre

Mendonça Filho afirmou que pedirá ao presidente Michel Temer "máxima urgência" na apreciação do projeto de reforma do ensino médio que está em tramitação no Congresso Nacional. Ele, que atuava como deputado até assumir o cargo de ministro, disse que levará ao Planalto o pedido de edição de uma medida provisória (MP), que tem tramitação mais rápida, se for necessário, para reformar o ensino médio.

"Vamos levar para o presidente e aposição de que, se não houver perspectiva de que a aprovação [do projeto em tramitação] ocorra este ano, edite uma MP. Porque urge a reforma do ensino médio. Não podemos esperar o início do ano letivo", afirmou.

O ministro afirmou esperar que a reforma ocorra até o fim deste ano, mas não detalhou as medidas que defende. "A reforma vai enxugar o universo de conteúdos que são ensinados dentro das salas de aula no Brasil e permitir uma integração maior também com a definição de vida do estudante, que chega no nível médio e já começa a sonhar com a sua vida profissional", disse.

No ensino médio, considerando as redes pública e privada, os únicos dois estados que cumpriram as metas do Ideb foram Amazonas e Pernambuco.

ENSINO FUNDAMENTAL

Nos anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º ano), a qualidade do ensino também ficou abaixo do desejado. A meta, que era de 4,7 pontos, não foi antingida. O índice ficou em 4,5 pontos em 2015. Só cinco estados cumpriram suas metas nessa categoria: Pernambuco, Amazonas, Mato grosso, Ceará e Goiás.

Nos anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano), o índice de qualidade ficou em 5,5, acima dos 5,2 colocados como meta pelo governo. Nesse item, a maioria dos estados cumpriu as metas estabelecidas. Só não conseguiram o nível desejado Amapá, Rio de Janeiro e Distrito Federal não cumpriram.

Questionado sobre os motivos para o desempenho melhor nos anos iniciais, Mendonça Filho afirmou que, com o passar dos anos, aumentam os casos de alunos que reprovaram séries. Repetiu, ainda, que é necessário reavaliar as políticas do setor.

A Folha antecipou, nesta quinta-feira (8), que o nível de aprendizado dos estudantes brasileiros no ensino médio piorou em matemática e chegou, em 2015, ao pior resultado desde 2005, início da série histórica do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica).

Ideb - Ranking da educação


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