Folha de S. Paulo


Para atenuar crise, USP quer novo plano de demissões voluntárias

A USP quer fazer um novo plano de demissão voluntária de servidores como forma de atenuar a crise financeira. A universidade ainda propõe reduzir as jornadas de trabalho.

Desde 2013, o gasto com salários na USP tem sido superior aos recursos recebidos pelo Estado. A situação tem feito a universidade usar reservas para pagar as contas.

A proposta será discutida em reunião do Conselho Universitário, na terça (12). Se aprovado, será o segundo plano de demissão feito pelo reitor Marco Antonio Zago. O primeiro foi em 2015.

O projeto não atinge professores, apenas servidores técnico-administrativos. Agora, o foco não será apenas em profissionais com ao menos 20 anos de trabalho, como no plano anterior. Médicos e profissionais de enfermagem também não poderão participar. Sem funcionários, o Hospital Universitário já reduziu os atendimentos.

SITUAÇÃO DA USP - Em R$ bilhões*

O orçamento para o plano é de R$ 118 milhões. Não há definição, por enquanto, de quantos servidores a USP quer demitir. A universidade conta com 15,5 mil técnicos.

No último plano de demissão, desligaram-se 1.433 servidores –o que resultou em um gasto de R$ 281 milhões com indenizações.

Por outro lado, a redução de funcionários provocou uma economia de R$ 250 milhões (até junho). "Dentro de dois meses, os gastos com o PIDV [Plano de Incentivo à Demissão Voluntária] devem ser totalmente recuperados, o que revela o êxito do programa", afirma o projeto.

Fabio Braga - 15.ago.2014/Folhapress
Marco Antonio Zago, reitor da USP, que abriu processo contra seu antecessor
Marco Antonio Zago, reitor da USP

Professores -

ROMBO

Até o mês passado, os gastos da USP com folha de pagamento ficaram 6% acima dos recursos recebidos. Sem as demissões, a USP calcula que o deficit seria de 9%. A indenização prevista para quem aderir inclui um salário por ano de trabalho e mais 40% do saldo do FGTS.

A universidade ainda propõe que os técnicos reduzam de 40 para 30 horas a jornada de trabalho, com redução de salário. Como incentivo, oferece bônus de um terço do salário a cada semestre.

Essas propostas surgem em meio à greve de servidores e professores, iniciada em maio. Entre as pautas estão o pedido de reajuste salarial e novas contratações.

Para Felipe Cavalheri, do Sintusp, o funcionamento da universidade pode ficar comprometido. "A USP continua do mesmo tamanho, mas com menos servidores. Significa precarização das condições de trabalho", disse. A reitoria congelou as contratações desde 2014. O reitor promete retomar as admissões no ano que vem.

Técnico-administrativos -

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Perguntas e respostas

O que é o PDV?
É um plano de incentivo à demissão voluntária. Nele, funcionários podem optar por serem demitidos. A USP está em crise e precisa diminuir gastos com pessoal.

Quem poderá participar?
Todos os servidores técnico-administrativos que têm até 72 anos, exceto médicos e enfermeiros do Hospital Universitário.

Quantas pessoas a USP espera que participem?
A universidade não divulgou um número alvo.

De quanto é a indenização?
Além de 40% do FGTS, eles ganham um salário por ano trabalhado, até o teto de R$ 400 mil. A universidade planeja gastar R$ 118 milhões com as rescisões.

É a primeira vez que a USP faz isso?
Não, é a segunda. No ano passado, foram demitidos 1.433 funcionários pelo programa, número abaixo do previsto pela universidade (1.700).

Quanto foi economizado com o PDV em 2015?
O plano resultou em uma economia de R$ 250 milhões em salários. A USP gastou R$ 280 milhões nas rescisões.


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