Folha de S. Paulo


Faculdade de economia da USP reserva 30% das vagas para rede pública

Eduardo Anizelli/Folhapress
Estudantes passam por calcadão em frente a FEA (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP)
Estudantes passam por calcadão em frente à faculdade de economia da USP

A FEA (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP) decidiu reservar 30% das vagas de todos os seus cursos para alunos de escolas públicas. A seleção desses estudantes será a partir da nota do Enem.

A unidade aprovou nesta quarta (22), em reunião da congregação (com representantes de professores, funcionários e alunos), a adesão ao Sisu (Sistema de Seleção Unificada), que reúne instituições que fazem do Enem uma ferramenta de seleção de alunos.

Na reunião, os membros da congregação recusaram, em votação, a reserva de parte dessas vagas para alunos PPI (Pretos, Pardos e Indígenas). A proposta, que não passou, era de ter metade das vagas do Sisu para esse grupo.

Das 590 vagas anuais da FEA, 177 estarão disponíveis no Sisu no próximo ano. A unidade oferece quatro cursos (economia, administração, ciências contábeis e ciências atuariais).

A adoção do Enem como seleção e a reserva de vagas para escola pública sempre foram temas controversos entre os docentes da faculdade. No ano passado, quando a USP iniciou a adesão ao Sisu como forma aumentar a inclusão, a FEA ficou de fora.

No vestibular de 2015, a unidade registrou 24% dos seus alunos oriundos da rede pública –abaixo do nível da USP como um todo, que teve 35% naquele ano.

No último vestibular da Fuvest, havia 52 candidatos inscritos para cada vaga.

O diretor da faculdade, Adalberto Fischmann, diz que a reserva de vagas representa "um avanço". "A gente acha que vale a pena tentar e vamos ver o resultado."

Ele diz que uma comissão vai acompanhar o desempenho dos alunos. "Esperamos que [a entrada no Sisu] atenda a expectativa de todos."

Para que a congregação decidisse, uma comissão especial preparou um relatório com informações sobre outras experiências com cotas.

Entre os resultados apresentados está uma comparação entre as médias acadêmicas de cotistas e não cotistas na Uerj (Universidade do Estado do Rio). No curso de medicina, por exemplo, os estudantes cotistas têm média maior do que os não cotistas.

ATRASO

O estudante de economia Guilherme Ribeiro, 20, participou da comissão. "É um passo muito importante para nossa faculdade, ainda mais sabendo como somos atrasados nesse aspecto", diz ele, presidente do Centro Acadêmico da FEA. "Mas ficamos atrás na questão racial."

Com a decisão da FEA, a quantidade de vagas da USP no Sisu no próximo ano já é 34% superior à de 2016. Serão 1.996 vagas por esse sistema (18% do total), contra 1.489 neste ano.

A ECA também já decidiu aderir ao Enem. Apesar de a Escola Politécnica ter colocado vagas no Sisu, nenhuma foi exclusiva para a rede pública.

raio-x da usp


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