Cerca de 200 pessoas ligadas ao Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP) e servidores da Unicamp e da Unesp protestaram nesta segunda-feira (30) pelas ruas de São Paulo, por reajuste salarial e contra o "desmonte" nas universidades.
A concentração começou por volta do meio-dia no vão livre do Masp (Museu de Arte de São Paulo), na avenida Paulista. Às 13h40, os manifestantes interditaram duas faixas da avenida, no sentido Consolação. Às 14h40, o grupo chegou na rua Itapeva, sede da Cruesp (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo), que reúne as três instituições.
Os trabalhadores são contra a proposta de reajuste de 3% oferecida pelo Cruesp. Servidores técnico-administrativos e professores pedem reajuste de 12,34%, sendo 9,34% (índice ICV-Dieese) de reajuste inflacionário e 3% de recuperação de perdas anteriores. Alunos ligados ao Diretório Central dos Estudantes apoiam as demandas.
Representantes dos servidores, que decretaram greve no dia 12, reuniram-se com representantes da Cruesp para debater a política salarial das três universidades estaduais. A reunião durou cerca de três horas mas não houve avanço nas negociações.
"A greve continua e devemos radicalizar a partir de agora", disse o diretor do Sintusp Magno de Carvalho, sem detalhar quais ações estão sendo planejadas.
O conselho não agendou uma nova reunião. Os sindicatos tentaram negociar na reunião a iniciativa da USP de desalojar o Sintusp da sua sede, que funciona na Cidade Universitária. Não houve avanços também sobre essa questão.
Professores ligados à Adusp (Associação de Docentes da USP) e médicos do HU ( Hospital Universitário) decidiram entrar em greve a partir desta segunda-feira (30). Segundo a reitoria, 20 dos 253 médicos estão em greve.
No Hospital Universitário, a greve de médicos atinge apenas atendimentos não emergenciais. "A greve atinge atendimentos eletivos, não vamos cobrar da sociedade", disse o vice-diretor do hospital, Gerson Salvador. Consultas de pacientes de casos graves continuam ocorrendo.
Mesmo os médicos que aderiram à paralisação estiveram nesta segunda no hospital para avaliar a urgência dos casos e explicar os motivos da greve. Os grevistas pedem a contratação de médicos. Desde 2014, saíram 43 profissionais no plano de demissão voluntária que a USP abriu ou depois dele.
A categoria reclama de precarização do atendimento e fechamento de leitos. Na tarde desta segunda, havia 12 macas com pacientes nos corredores, além dos 11 leitos com equipamentos de monitoramento da emergência.
ADESÃO
Salvador, que é do Sindicato dos Médicos de São Paulo, disse que ainda não é possível mensurar quantas pessoas foram liberadas sem atendimento. Também não detalhou o número de médicos que aderiram à paralisação.
Estão com as aulas prejudicadas, segundo a reitoria, as unidades de História, Geografia, Letras e a ECA (Escola de Comunicação e Artes), onde há ocupações de estudantes e funcionários. Na FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo), professores também paralisaram as aulas nesta segunda. Os docentes farão reunião na manhã desta terça (31) para definir se vão aderir à greve decretada pela Adusp.
Atividades ocorreram normalmente em várias unidades, como no IME (Instituto de Matemática e Estatística) e FEA (Faculdade de Economia e Administração), embora haja registro de adesão de servidores administrativos.
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RAIO-X DA USP
- 6.055 professores e 15.516 funcionários técnico-administrativos
- 94,8 mil alunos na graduação e pós-graduação¹
- R$ 4,9 bilhões é o orçamento inicial da USP para 2016, mas a universidade calcula que deixará de receber ao longo do ano R$ 290 milhões (6%)
- 104% é quanto a folha de pagamento da USP consome com relação às transferências do Estado
JÁ ENTRARAM EM GREVE
- Administração Central
- Hospital Universitário (HU)
- Cepeusp (Centro de Práticas Esportivas)
- Biblioteca Brasiliana
- Servidores dos campi Ribeirão Preto, Bauru e São Carlos
- Professores ligados à Adusp (Associação de Docentes da USP)
- Médicos do Hospital Universitário
FUNCIONÁRIOS QUEREM
- Aumento de 12,34% –sendo 9,34% de reajuste da inflação e 3% de perdas anteriores
USP OFERECE
- Reajuste de 3%, assim como propõem Unesp e Unicamp
OUTRAS REIVINDICAÇÕES
- Interrupção de projeto sobre alteração de carreira docente
- Abertura das contas da universidade
- Ampliação dos repasses do ICMS às universidades
- Contratação imediata para recompor quadro de servidores
- Abandono do plano de desvinculação do HU e ampliação de atendimento de creche
¹Anuário estatístico da USP (2014)