Folha de S. Paulo


Funcionários e docentes da USP protestam pelas ruas de São Paulo

Danilo Verpa/Folhapress
Em protesto, trabalhadores da USP fecharam duas faixas da avenida Paulista. no sentido Consolação
Em protesto, trabalhadores da USP fecharam duas faixas da avenida Paulista. no sentido Consolação

Cerca de 200 pessoas ligadas ao Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP) e servidores da Unicamp e da Unesp protestaram nesta segunda-feira (30) pelas ruas de São Paulo, por reajuste salarial e contra o "desmonte" nas universidades.

A concentração começou por volta do meio-dia no vão livre do Masp (Museu de Arte de São Paulo), na avenida Paulista. Às 13h40, os manifestantes interditaram duas faixas da avenida, no sentido Consolação. Às 14h40, o grupo chegou na rua Itapeva, sede da Cruesp (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo), que reúne as três instituições.

Os trabalhadores são contra a proposta de reajuste de 3% oferecida pelo Cruesp. Servidores técnico-administrativos e professores pedem reajuste de 12,34%, sendo 9,34% (índice ICV-Dieese) de reajuste inflacionário e 3% de recuperação de perdas anteriores. Alunos ligados ao Diretório Central dos Estudantes apoiam as demandas.

Representantes dos servidores, que decretaram greve no dia 12, reuniram-se com representantes da Cruesp para debater a política salarial das três universidades estaduais. A reunião durou cerca de três horas mas não houve avanço nas negociações.

"A greve continua e devemos radicalizar a partir de agora", disse o diretor do Sintusp Magno de Carvalho, sem detalhar quais ações estão sendo planejadas.

O conselho não agendou uma nova reunião. Os sindicatos tentaram negociar na reunião a iniciativa da USP de desalojar o Sintusp da sua sede, que funciona na Cidade Universitária. Não houve avanços também sobre essa questão.

Professores ligados à Adusp (Associação de Docentes da USP) e médicos do HU ( Hospital Universitário) decidiram entrar em greve a partir desta segunda-feira (30). Segundo a reitoria, 20 dos 253 médicos estão em greve.

No Hospital Universitário, a greve de médicos atinge apenas atendimentos não emergenciais. "A greve atinge atendimentos eletivos, não vamos cobrar da sociedade", disse o vice-diretor do hospital, Gerson Salvador. Consultas de pacientes de casos graves continuam ocorrendo.

Mesmo os médicos que aderiram à paralisação estiveram nesta segunda no hospital para avaliar a urgência dos casos e explicar os motivos da greve. Os grevistas pedem a contratação de médicos. Desde 2014, saíram 43 profissionais no plano de demissão voluntária que a USP abriu ou depois dele.

A categoria reclama de precarização do atendimento e fechamento de leitos. Na tarde desta segunda, havia 12 macas com pacientes nos corredores, além dos 11 leitos com equipamentos de monitoramento da emergência.

ADESÃO

Salvador, que é do Sindicato dos Médicos de São Paulo, disse que ainda não é possível mensurar quantas pessoas foram liberadas sem atendimento. Também não detalhou o número de médicos que aderiram à paralisação.

Estão com as aulas prejudicadas, segundo a reitoria, as unidades de História, Geografia, Letras e a ECA (Escola de Comunicação e Artes), onde há ocupações de estudantes e funcionários. Na FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo), professores também paralisaram as aulas nesta segunda. Os docentes farão reunião na manhã desta terça (31) para definir se vão aderir à greve decretada pela Adusp.

Atividades ocorreram normalmente em várias unidades, como no IME (Instituto de Matemática e Estatística) e FEA (Faculdade de Economia e Administração), embora haja registro de adesão de servidores administrativos.

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RAIO-X DA USP

  • 6.055 professores e 15.516 funcionários técnico-administrativos
  • 94,8 mil alunos na graduação e pós-graduação¹
  • R$ 4,9 bilhões é o orçamento inicial da USP para 2016, mas a universidade calcula que deixará de receber ao longo do ano R$ 290 milhões (6%)
  • 104% é quanto a folha de pagamento da USP consome com relação às transferências do Estado

JÁ ENTRARAM EM GREVE

  • Administração Central
  • Hospital Universitário (HU)
  • Cepeusp (Centro de Práticas Esportivas)
  • Biblioteca Brasiliana
  • Servidores dos campi Ribeirão Preto, Bauru e São Carlos
  • Professores ligados à Adusp (Associação de Docentes da USP)
  • Médicos do Hospital Universitário

FUNCIONÁRIOS QUEREM

  • Aumento de 12,34% –sendo 9,34% de reajuste da inflação e 3% de perdas anteriores

USP OFERECE

  • Reajuste de 3%, assim como propõem Unesp e Unicamp

OUTRAS REIVINDICAÇÕES

  • Interrupção de projeto sobre alteração de carreira docente
  • Abertura das contas da universidade
  • Ampliação dos repasses do ICMS às universidades
  • Contratação imediata para recompor quadro de servidores
  • Abandono do plano de desvinculação do HU e ampliação de atendimento de creche

¹Anuário estatístico da USP (2014)


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