Folha de S. Paulo


Alunos deixam escola técnica em São Paulo; não há mais ocupações

A última escola ocupada em São Paulo, a Etec Abdias do Nascimento, em Paraisópolis foi desocupada na noite de terça-feira (17). Com isso têm fim as ocupações que tiveram início em 28 de abril com a ocupação do Centro Paula Souza, sede administrativa das Etecs (escolas técnicas estaduais).

A Etec de Paraisópolis estava ocupada desde o dia 6 de maio. A decisão de sair da escola partiu dos próprios alunos, segundo a assessoria do Centro Paula Souza. De acordo com o comunicado, ao todo 15 mil alunos foram prejudicados com o período sem aulas e a reposição está em discussão. Além disso, o prejuízo material na sede do Paula Souza, na Etesp e nas Etecs Basilides de Godoy e Zona Sul soma R$ 140 mil.

Na última sexta-feira (13), a Polícia Militar fez reintegração de posse em quatro escolas ocupadas, sem o aval da Justiça. A medida veio após a Folha revelar que a gestão Alckmin havia liberado a prática.

Na Etec da Vila Leopoldina, os próprios alunos contrários à ocupação retiraram os estudantes do prédio. De quinta (12) a domingo (15), 12 escolas foram desocupadas, restando apenas a de Paraisópolis.

REIVINDICAÇÕES

Os estudantes protestavam pela alimentação nas escolas. Os alunos queriam que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) fornecesse refeições em todas as 219 unidades do Estado, que reúnem cerca de 213 mil estudantes. Antes das ocupações, 60 unidades ofereciam apenas merenda seca (kit com bolacha e bebida láctea e considerado pouco nutritiva), e outras 23 não serviam nada.

Pressionado, o governo anunciou em um primeiro momento que todas as unidades passariam a receber ao menos um kit com bolacha e, depois, prometeu distribuir refeições do tipo marmitex a partir do segundo semestre. A medida vai beneficiar 20 mil alunos do ensino técnico integrado -ao todo, são 52 mil matriculados.

O governo alega que somente em 2018 conseguirá concluir os refeitórios em todas as unidades. Até lá, a merenda seca e os marmitex serão as opções aos alunos. Segundo uma lei federal de 2009, todos os alunos do ensino público devem receber alimentação "saudável e adequada, compreendendo o uso de alimentos variados".

Vários dos grupos que ocuparam as escolas técnicas no Estado nas últimas semanas reclamam também da qualidade do ensino e da infraestrutura de alguns dos prédios onde as escolas funcionam atualmente.


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