Folha de S. Paulo


OPINIÃO

A frustração de reprovar no vestibular deve estimular nova postura do estudante

A palavra vestibular deriva do latim "vestibulum", que significa entrada, pátio de entrada, começo. Assim, ser aprovado nessa nessa etapa e, portanto, conquistar uma vaga no ensino superior é um feito cada vez mais difícil de ser consumado.

O desafio é ainda maior na primeira tentativa, tendo em vista o número limitado de vagas, a concorrência devastadora nos cursos alta demanda e o preparo muitas vezes insuficientes.

Logo, os milhares de estudantes não aprovados buscam como alternativa o vestibular do meio do ano. Prestar esse novo exame requer desses jovens não apenas que estudem novamente os mesmos conteúdos, mas também que lidem com a frustração decorrente da reprovação no vestibular anterior.

Essa frustração ante o resultado negativo é um sentimento frequente, inevitável e até natural, frente às expectativas criadas e não supridas.

A frustração deve ser compreendida e elaborada tanto pelo jovem quanto por sua família, para que a tarefa de prestar novamente as provas no meio do ano seja facilitada. Elaborar um sentimento de frustração, neste caso, inclui diversas medidas, dependendo das particularidades de cada situação.

Não há uma receita para lidar com o problema, mas a solução dele aponta para a necessidade do jovem fortalecer a autoconfiança e a segurança. Para tanto, deve realizar uma avaliação detida, humilde e realista de suas capacidades, daquilo que ainda precisa avançar em termos de estudos e preparação e também das causas da não aprovação anterior.

É fundamental buscar compreender objetivamente o que produziu o resultado negativo: o desempenho foi baixo na média, em todas as provas, significando que faltou estudar mais? Então deve haver um redimensionamento geral das horas de estudo e seu incremento. Houve um bom desempenho em algumas disciplinas e resultados rebaixados em outras? É hora de dosar a dedicação aos diferentes conteúdos, priorizando aqueles em que houve deficiência, mesmo com o ônus de ter de estudar mais assuntos menos apreciados.

O desempenho foi acima da média e mesmo assim a aprovação não foi alcançada, em razão da alta concorrência no curso pretendido? O sonho não acabou, mas requer verificar qual o rendimento mínimo dos ingressantes em tal curso, e incrementar os estudos de forma seletiva, priorizando as disciplinas com maior necessidade, para elevar o desempenho a esse patamar; é assim que fazem os candidatos de todos os cursos de alta demanda, não há mágica.

EDITE KRAWULSKI, psicóloga, orientadora profissional e professora do Departamento de Psicologia da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e integrante do Laboratório de Informação e Orientação Profissional


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