Folha de S. Paulo


Funcionários da USP entram em greve a partir desta quinta

Funcionários da USP (Universidade de São Paulo) entram em greve por tempo indeterminado a partir desta quinta-feira (12). Os protestos são contra o desmonte da instituição, o arrocho salarial e em defesa do Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores).

O diretor do sindicato, Magno de Carvalho, afirmou que a paralisação dos funcionários também conta com o apoio dos estudantes, que estão com indicativo de greve. As comunidades universitárias da Unicamp, USP e Unesp farão uma manifestação nesta quinta em frente à sede do Cruesp (Conselho dos Reitores das Universidades Estaduais Paulistas), a partir das 13h.

"A paralisação não é apenas por uma questão salarial, mas principalmente pelo desmonte que está acontecendo na USP. Ele [o reitor da USP, Marco Antonio Zago] está terceirizando os restaurantes, os serviços de manutenção, fechando vagas nas creches e desmontando a Prefeitura da USP", disse Carvalho.

Diego Padgurschi-14.set.2015/Folhapress
Marco Antonio Zago, reitor da USP, em seu gabinete em São Paulo
Marco Antonio Zago, reitor da USP, em seu gabinete em São Paulo

A proposta de reajuste dos servidores da USP, com data-base em 1° de maio, é de 12,34%, sendo 9,34% (índice ICV-Dieese) de reajuste inflacionário e 3% de recuperação de perdas anteriores. Carvalho disse que houve uma reunião com o Cruesp, mas que o sindicato não recebeu nenhum retorno do conselho.

O Cruesp afirmou nesta quarta-feira (11) que analisa o assunto com "grande responsabilidade" e está "avaliando novos indicadores da economia" antes da próxima reunião com o Fórum das Seis [que congrega as entidades sindicais e estudantis da Unesp, Unicamp, USP e do Centro Paula Souza (Ceeteps)] na próxima segunda (16).

Carvalho salienta que uma parte dos funcionários saíram da USP por não aguentar a carga de trabalho devido ao acúmulo de funções. "A reitoria abriu processo de demissão voluntária que resultou na saída de 1.300 funcionários e outros 500 saíram por outras razões, como o acúmulo de funções". Além disso, ele diz que a reitoria quer "acabar com os funcionários que trabalham com pesquisa e que atuam diretamente com professores". "Isso afeta o ensino e é um desmonte total. Sabemos que não será só isso."

Outro motivo para a greve dos funcionários, segundo Carvalho, foi o pedido de desocupação do imóvel ocupado pelo sindicato há mais de 50 anos. De acordo com o diretor, a retoria mandou um ofício dando prazo de 30 dias para que os funcionários deixassem o prédio que fica próximo à antiga reitoria e da ECA (Escola de Comunicação e Artes), na Cidade Universitária. "O prazo terminou na última sexta [6] e não sei se eles estão tomando alguma medida judicial, mas nós não vamos sair. Tomamos essa decisão com mais de mil pessoas durante assembleia. A resistência não será feita sozinha. Teremos apoio dos estudantes da USP e de movimentos sociais."

A USP informou que a desocupação do espaço foi solicitada em 6 de abril de 2016, tendo em vista a regularização dos espaços da universidade e a necessidade do aproveitamento acadêmico da área.

Ainda segundo Carvalho, a reitoria quer transformar a USP em um "modelo de universidade americana, com a contratação de empresas para administrar as faculdades e os serviços de manutenção". Sobre os hospitais da instituição, o diretor do Sintusp diz que desde 2014 o reitor tentar desvincular o HU (Hospital Universitário) e o HRAC (Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais), de Bauru.

"O HU não atende somente à USP, mas também aos moradores da região do Butantã e do entorno. Isso foi uma conquista. O HRAC é um hospital que oferece tratamento especializado para casos de malformações craniofaciais e síndromes raras que o reitor que passar para a secretaria da Saúde".

Sobre os hospitais, a USP informa que a desvinculação, se ocorrer, não acarretará perda de qualidade no atendimento, visto o que ocorre no HC de São Paulo e no HC de Ribeirão Preto, que são hospitais reconhecidamente de excelência. Esse tema não tem previsão de inclusão na pauta do Conselho Universitário para discussão.

Sobre a terceirização dos restaurantes, Carvalho afirma que dos cinco existentes, apenas dois ainda não foram terceirizados. "A ideia do reitor é terceirizar e cortar os funcionários. A reitoria já acabou com mais de 400 vagas de auxiliares de cozinha. É um desmonte total". Sobre as creches e os restaurantes, a reitoria informou que não há previsão de fechamento de nenhuma unidade.


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