Folha de S. Paulo


Ocupações avançam em SP e já atingem 11 escolas técnicas

O movimento de ocupação de escolas técnicas no Estado de São Paulo, que começou há uma semana na sede do Centro Paula Souza, na região central da capital paulista, agora se espalhou a todas as regiões da cidade e já atingiu ao menos 11 unidades.

As ocupações dos prédios por estudantes afetam as aulas de forma total ou parcial. Unidades na Grande SP, como a Etec de Embu das Artes, também chegaram a ter as atividades interrompidas pelos alunos, mas voltaram a operar normalmente.

A falta ou a precariedade da merenda oferecida nas escolas técnicas motivaram os protestos. Alunos de um terço das 219 Etecs da gestão Geraldo Alckmin (PSDB) recebem a chamada merenda seca, com bolachas e bolinhos, considerada pouco nutritiva por especialista, como a Folha mostrou nesta quarta.

A lei federal de 2009 obriga que os governos ofereçam merenda "saudável e adequada, compreendendo o uso de alimentos variados". Até semana passada, 15 unidades nunca haviam recebido nenhuma alimentação –mesmo quem estuda em tempo integral.

Na quarta à noite, o Centro Paula Souza confirmava a paralisação total de seis Etecs: Paulistano, Mandaqui, Horácio Augusto da Silveira, (zona norte), Aprígio Gonzaga (zona leste), Etec Zona Sul e Santa Ifigênia (centro). Esta última fica no mesmo complexo da sede do Centro Paula Souza, primeiro local tomado por alunos.

As Etecs Zona Leste, Basilides de Godoy (zona oeste), Jaraguá e Pirituba (norte) e Etesp (centro), chegaram a ser ocupadas totalmente, mas parte das atividades foram retomadas.
Mesmo avançando, as ocupações têm enfrentado oposições de alunos. Sobretudo daqueles do período noturno.

"Teve certo conflito, um professor e alguns alunos quiseram forçar a entrada, queriam entrar de qualquer jeito", disse um dos estudantes da Etesp, enquanto a escola ainda estava toda ocupada. Nesta quarta, porém, parte das aulas foram retomadas. Também houve confusão na Etec Pirituba, com os estudantes do período noturno.

PROTESTOS - Estudantes ocupam o Centro Paula Souza, autarquia que administra as Etecs de SP, e quatro escolas técnicas

DESGASTE

A reportagem apurou que a cúpula do Centro Paula Souza não esperava que o movimento pudesse ganhar essa dimensão.

A reintegração de posse da sede do órgão provocou outro desgaste para o governo depois que o secretário de Segurança Pública, Alexandre de Moraes, ordenou a entrada da Polícia Militar no prédio na segunda (2). Sem mandado judicial, a ação foi considerada ilegal pela Justiça -o governo diz que a ação da PM foi apenas para proteger os funcionários da autarquia, que estavam impedidos pelos alunos de entrar no prédio.

Para tentar conter o movimento dos estudantes, o Centro Paula Souza passou a oferecer nesta semana merenda seca onde não havia entrega de nada. Mas os estudantes exigem refeição regular. O órgão promete que dez unidades sem refeitório vão passar por reformas neste ano, mas só em 2018 todas as 75 unidades sem essa estrutura serão adequadas.

Em 2015, a onda de ocupações contra o projeto de reorganização da rede estadual, que envolvia o fechamento de escolas, chegou a quase 200 prédios. O episódio terminou com derrota de Alckmin, que teve de recuar do plano.


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