Folha de S. Paulo


Projetos reduzem trauma da mudança entre fases do fundamental

Veja o que acontece nessa fase

No fundamental 2 (EF2), os alunos que estão deixando a infância começam a ter exigências comuns às da vida adulta, como organizar horários e responsabilidades.

Para facilitar a adaptação a essa nova fase, algumas escolas têm adotado estratégias que facilitam a transição.

O Colégio Magnum Cidade Nova, em Belo Horizonte, opta por preparar os alunos para o EF 2. O número de professores cresce de forma gradual do quinto ao sexto ano.

"Existe sempre o professor-referência, escolhido por cada turma, que acompanhará diretamente esses alunos", diz a coordenadora de formação do quarto e do quinto anos, Carolina Fontana.

Já na escola Wardolf Micael, de Fortaleza, os alunos têm um professor-tutor que os acompanha no ensino fundamental e faz reuniões periódicas com os pais. "O tutor observa o desenvolvimento do aluno e mantém uma proximidade com a família, favorecendo o convívio e garantindo a confiança", explica Anastácia Ribeiro, professora de português da unidade.

Em São Paulo, o colégio Santa Maria oferece projetos que ajudam os alunos a encontrar o modo mais eficiente de estudar e que dão dicas sobre a organização do material. Ana Lúcia Parro, orientadora pedagógica da escola, explica que o objetivo da iniciativa é estimular a autonomia. "Cada criança aprende de uma maneira, e é preciso que ela entenda como estudar conforme seu perfil."

Perfil do estudante brasileiro do ensino fundamental 2

É comum, ao entrar no EF 2, que o estudante mude de turno e passe a conviver com colegas mais velhos. Para facilitar a adaptação, o Santa Maria promove jogos de integração entre os alunos do sexto ano e convida alunos mais velhos para apitar.

Com objetivos semelhantes, os alunos em transição para o EF 2 no Magnum participam de oficinas e ouvem relatos dos receios e das conquistas dos colegas que já passaram pelo sexto ano.

Outra estratégia foi trocar a cor da gola do uniforme dos alunos que chegam ao EF 2. Eles deixam para trás o uniforme com o detalhe em azul e passam a usar outro, de gola vermelha. Para a escola, a medida funciona como a troca de faixa no judô e ajuda a substituir o medo pela expectativa da mudança.

No Colégio Bandeirantes, em São Paulo, que recebe estudantes a partir do sexto ano, a pressão criada pelas semanas de provas bimestrais reflete-se no comportamento dos alunos.

"É preciso entender o que ativa as emoções criadas antes da prova, como tristeza, medo e até raiva", explica Lúcia Maiochi, orientadora educacional do Bandeirantes. "Tentamos substituir pensamentos negativos por outros que gerem confiança."

A escola criou a "caixa das emoções", onde os sentimentos negativos, escritos num pedaço de papel, são simbolicamente trancados para não acompanharem os alunos.

Ana Cristina Maradei, mãe de aluna do sexto ano, diz ter ficado satisfeita com o trabalho. "As emoções ficam controladas não só nas crianças mas nos pais também."


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