Folha de S. Paulo


Em países-modelo, professor fica mais tempo com aluno no fundamental 2

Perfil do estudante brasileiro do ensino fundamental 2

Referências internacionais em qualidade de educação, o Canadá e a Finlândia utilizam modelos muito diferentes do brasileiro na segunda etapa do ensino fundamental.

Para os alunos finlandeses, essa etapa começa dois anos mais tarde do que para os brasileiros -e com um currículo bem mais variado.

As crianças entram no primeiro ano aos sete -por aqui, o início é aos seis- e só trocam o professor polivalente por vários especialistas no sétimo, um ano depois que no Brasil. Os estudantes contam ainda com um tutor para ajudar a organizar os estudos nesta etapa.

No Canadá, por outro lado, três modelos convivem. No mais comum, não há divisão dentro dos oito anos de ensino fundamental.

Mas também há modalidades que separam alunos em outra escola a partir do sexto ano ("middle school") ou do sétimo ano ("junior high)".

"As crianças têm múltiplos professores, especializados por matérias, se elas mudam para 'middle shcool' ou 'junior high'. Se ficam na mesma escola, têm apenas um professor até passarem para o ensino médio", diz Elizabeth Dhuey, professora da Universidade de Toronto.

Ela fez uma pesquisa na província de Columbia Britânica para comparar o desempenho acadêmico dos estudantes que passaram pelos três sistemas. Concluiu que os alunos que seguem na mesma escola, com um só professor, têm resultados melhores em testes de matemática e de leitura.

ESPORTE

O currículo finlandês muda com a entrada dos alunos na pré-adolescência. No quinto ano, educação física se torna a terceira disciplina de maior carga horária, atrás apenas de língua e matemática. No sétimo, é incluída "economia doméstica", com foco em atividades do dia a dia.

Além disso, as escolas também têm autonomia para oferecer eletivas. Os temas costumam incluir computação, introdução ao mundo do trabalho e escolha vocacional, com visitas a universidades, escolas técnicas e empresas.

Já o Canadá apostou no uso da tecnologia para universalizar o ensino fundamental. Para alcançar alunos de locais mais isolados, a maioria das províncias oferece educação a distância via internet.

"Os pais também têm acesso, para ajudar a criança e se informar sobre o desempenho escolar", diz Lucio Teles, professor da Universidade de Brasília e que trabalhou com educação a distância no Canadá nos anos 1980 e 1990.

O governo do país também iniciou em 2000 um projeto para oferecer internet de alta velocidade e laboratório com computadores em todas as escolas, além de formar professores para o uso educacional da tecnologia.
"Essa disponibilidade foi um fator relevante para engajar os estudantes no processo de aprendizagem", afirma Teles.


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