Folha de S. Paulo


Projeto aumenta em um ano primeira fase do fundamental no Rio

Raquel Cunha/Folhapres
Alunos do 6º ano experimental da escola municipal Doutor Antoine Margarinos Torres Filho, no morro do Borel (zona norte do Rio), jogam vôlei
Alunos do 6º ano experimental da escola municipal Doutor Antoine Margarinos Torres Filho, no morro do Borel (zona norte do Rio), jogam vôlei
Raquel Cunha/Folhapres
Alunos do 6º ano experimental da escola municipal Doutor Antoine Margarinos Torres Filho, no morro do Borel (zona norte do Rio), jogam vôlei
Alunos do 6º ano experimental da escola municipal Doutor Antoine Margarinos Torres Filho, no morro do Borel (zona norte do Rio), jogam vôlei

Subindo o morro do Borel, Tijuca, zona norte do Rio, fica uma das escolas que adotaram um projeto para facilitar a travessia do ensino fundamental 1 à fase seguinte.

Na Doutor Antoine Margarinos Torres Filho, os estudantes cursam desde o início da fase escolar até o sexto ano –e não até o quinto, quando termina oficialmente a primeira etapa do fundamental.

Nesse sexto ano diferente, os estudantes começam aos poucos a passar pela experiência de ter mais de um professor em sala de aula, antes de seguirem para o fundamental 2. As turmas ainda continuam sob o comando de uma única professora.

"Sou eu que fico com a 1612", diz Alessandra Maria Sant'anna, professora de um dos sextos anos da escola (a turma 1612). Ela só sai de cena às quartas-feiras, quando assumem docentes de cursos como inglês, artes e música.

As aulas são em período integral todos os dias.

A turma 1612, de fato, tem mais o perfil de alunos do fundamental 1 do que o da etapa seguinte. Carinhas de criança, eles chamam a "profa" o tempo inteiro.

"Eles ainda são muito imaturos para lidar com muitos professores", diz Sant'anna.

O projeto começou em 2011. Hoje, de acordo com Helena Bomeny, secretária municipal de Educação do Rio, um terço dos alunos de sexto ano já está na modalidade experimental. A ideia é ampliar.

O experimento, diz Bomeny, está ajudando a cidade a derrubar os índices de reprovação no sexto ano –problema da educação brasileira já bastante conhecido.

Na média, incluindo todas as escolas da rede municipal do Rio, a reprovação no sexto caiu de 17,4% (2013) para 14,8% (2014).

Quem termina o sexto ano na modalidade experimental segue os estudos em outra escola. A reportagem da Folha visitou uma delas, a Epitácio Pessoa, em Andaraí, na zona norte, que recebe alunos do sétimo ao nono ano –o chamado "ginásio carioca".

JOGADOR DE FUTEBOL

Lá, as aulas, também em período integral, incluem cursos extras e uma disciplina de duas horas semanais chamada "projeto de vida".

O curso começa com o sonho de cada aluno, descrito logo que ele chega à escola. No sétimo ano atual, boa parte quer "viajar o mundo" e ser jogador de futebol, como se pode constatar nas descrições penduradas em nuvenzinhas de cartolina no "mural de sonhos".

Rayane Lira, 14, aluna do nono ano, pensa diferente. Quer ser médica. "O corpo humano é muito legal."

Entre as disciplinas optativas, oferecidas por professores que ficam na escola o dia todo, ela elegeu "filmes de terror". Outras opções são, por exemplo, "cultura árabe" e "culinária".

Na avaliação do Ideb, a escola fechou 2013 com nota 5,5, acima da meta (4,4).

A diretora, Débora Thomaz Freitas de Souza, acredita que os resultados têm relação com a chegada dos alunos em uma fase mais madura. "Eles precisam saber administrar o tempo deles no ginásio", diz.

Esse ensino fundamental 1 que vai até o sexto ano funciona com autorização do CNE (Conselho Nacional de Educação). A ideia, diz a secretária de educação, Bomeny, é oficializar o modelo por meio de um projeto de lei na Câmara de Vereadores.

"Acredito que o projeto carioca acabe sendo reproduzido pelo país", diz.

Os desafios estruturais das escolas públicas, no entanto, estão lá. Na aula assistida pela reportagem no Borel, por exemplo, a sala era abafada. Uma atividade de matemática mostrou que todos os mais de 20 alunos, na faixa de 11 e 12 anos, tinham dificuldade para fazer contas básicas.


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