Folha de S. Paulo


Conheça 7 histórias de quem fez pós-graduação e mudou de carreira

Para alguns, a pós-graduação é uma maneira de aprofundar escolhas da faculdade. Para outros, pode ser o caminho para alterar por completo os rumos da carreira.

Segundo Sérgio Lex, pró-reitor de extensão e educação continuada da Universidade Mackenzie, a especialização lato sensu é a melhor escolha para quem quer mudar de profissão. "O curso otimiza o tempo do aluno e ainda capitaliza a sua experiência profissional no mercado".

Para Cristiane Alpersted, diretora de qualidade acadêmica da Universidade Anhembi Morumbi, a proposta de aprofundamento de conteúdo da pós-graduação ajuda na colocação profissional em alguns segmentos.

Alpersted lembra que é preciso checar as exigências do curso antes de se aventurar em uma área completamente nova.

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Fisioterapeuta pulou da publicidade para bistrô

Eduardo Knapp/Folhapress
A empresária Anne Carolina Lima, 33

Anne Caroline Bitencourt Lima, 33, se formou em fisioterapia, em Porto Alegre, em 2004. Após um MBA em marketing, mudou de área e abriu um bistrô em São Paulo.

"Atirava para todas as áreas da fisioterapia, em busca de satisfação financeira e realização pessoal. Foi árduo, não compensava."

Depois de uma tentativa frustrada de fazer mestrado na área de fisiologia do exercício, decidiu mudar de carreira e começar a trabalhar como estagiária numa empresa de comunicação.

A decisão rendeu à ex-fisioterapeuta uma pós e nove anos de carreira na publicidade. Mais recentemente, Anne juntou os conhecimentos na área da saúde com os que adquiriu no marketing para montar sua própria empresa.

"Abri em 2013 o Troquei Fritas por Salada, delivery de congelados veganos. No ano passado, com um sócio, abri um restaurante da marca. E estou cada vez mais indo para o marketing", diz.

Colegas deram estímulo para arquiteta virar fotógrafa

Rogério Cassimiro/Folhapress
A fotógrafa Patrícia Palomino, 34

Quando se formou em arquitetura e foi trabalhar, Patrícia Palomino, 34, percebeu que a profissão não era como sonhava."A burocracia dos projetos me desanimou."

O ânimo que faltava no escritório sobrava na distração descoberta em viagens de família: a fotografia. "Era a única coisa que me deixava focada", diz.

Depois de um curso básico, ingressou em uma pós-graduação no Senac para se aprofundar na técnica.

Com o estímulo dos colegas, que lhe indicaram trabalhos e possíveis caminhos a seguir, o hobby finalmente se transformou em ganha-pão.

"A transição de carreira foi bem suave, nem senti muito. Quando vi, já era fotógrafa profissional", diz Patrícia, que aconselha outras pessoas com dúvidas na carreira a mudar de área.

Modalidade dos curso de pós-graduação

Desiludida com mercado, publicitária abriu haras

Rogério Cassimiro/Folhapress
A ex-publicitária Thaís Perez, 32

Viagens a trabalho, equipes para coordenar, um bom salário, reuniões e mais reuniões. Se aquilo era sucesso profissional, não era o que Thaís Perez, 32, queria. Formada em publicidade, com MBA em marketing e dez anos em multinacionais, ela não se sentia realizada.

"O mundo corporativo é muito frio. Ou você bate a meta ou não é mais útil", diz.

Por meio de uma amiga, descobriu a equoterapia, um método que usa cavalos para estimular o desenvolvimento de pessoas com deficiência.

Começou a pesquisar sobre o assunto e foi fazer um estágio não remunerado na área. Depois, fez pós na Fundação Rancho GG, em Ibiúna, no interior de São Paulo.

Thaís diz que o aprendizado foi difícil, sobretudo por não ter vindo da área de saúde. Mas credita a ele a possibilidade de ter deixado o trabalho anterior para fundar a Estância Tordilha, em Indaiatuba (SP), dedicada à equoterapia para crianças.

Fonoaudióloga se dedica aos esmaltes em novo negócio

Rogério Cassimiro/Folhapress
A empresária Camila Negretti, 33

Camila Negretti, 33, trabalhou como fonoaudióloga por nove anos e deu consultoria para executivos, mas sempre quis ter seu próprio negócio.

Fez, então, uma pós em administração no Insper. "Queria algo mais rápido que uma graduação e precisava de um retorno para saber se estava no caminho certo."

Hoje, ela é dona de uma esmalteria, mas a primeira formação ainda lhe é útil.

"A experiência em fonoaudiologia foi importante pois exigiu atenção, organização, planejamento e cuidado com pessoas", explica.

Camila diz que não se arrepende das escolhas. "É muito difícil deixar para trás uma carreira, mas a recompensa de alcançar um novo objetivo é enorme", afirma. "Eu demorei muito a tomar a decisão de deixar minha profissão e seguir um outro rumo, mas hoje vejo como foi importante para mim."

Economista deixou banco para buscar desafios na moda

Eduardo Knapp/Folhapress
A economista Ana Carolina Ramos, 30

Quando terminou a faculdade de economia, Ana Carolina Ramos, 30, trabalhava em um banco de investimentos. Depois de dois anos ali, entediada, quis voltar a estudar. "Vi mestrados e pós-graduações na área, mas achei que eram muito parecidos com o que eu tinha estudado", diz.

Decidiu fazer uma pós em moda e criação na Faculdade Santa Marcelina, em SP.

"O curso deu uma boa pincelada em todos os assuntos, o que me ajudou, uma vez que eu não era da área", diz. Para ela, o maior desafio foram as aulas de desenho.

A oportunidade de mudar de área veio ao ler uma entrevista da estilista Glória Coelho. "Ela dizia que, durante a própria carreira, aprendeu que precisava dar importância para a administração, e não apenas a criação, e que queria profissionalizar isso na empresa dela", afirma.

Ramos mandou um e-mail para a estilista contando sobre a sua formação dupla e conseguiu um emprego.

Agora está focada em seu doutorado na área de negócios. "Ainda não sei que caminho seguir, mas tenho as portas abertas para a moda."

Doença fez professora ir trabalhar em hospital

Eduardo Knapp/Folhapress
A administradora hospitalar Graziele da Silva, 27

Formada em educação artística, Graziele da Silva, 27, chegou a dar aulas de artes plásticas, mas um problema de saúde causado pelo pó de giz a obrigou a procurar uma nova área. Acabou indo trabalhar no setor administrativo de um hospital em São Bernardo do Campo.

Gostou da área e decidiu se especializar. Por isso, fez um MBA em administração hospitalar e sistema de saúde na Faculdade de Medicina do ABC, em São Paulo.

"O curso abordava os pontos específicos que eu buscava para minha atuação, o que era mais vantajoso do que fazer uma nova graduação", explica Graziele.

Prestes a se formar, ela conta que a pós-graduação ajuda muito no dia a dia do trabalho. "Tive aulas e aperfeiçoei um pouco mais meus conhecimentos sobre direito em saúde."

Psiquiatra tenta deixar o plantão para ser roteirista

Rogério Cassimiro/Folhapress
A psiquiatra Bruna Roncatti, 32

A médica psiquiatra Bruna Roncatti, 32, está, aos poucos, deixando a carreira para abraçar o mundo do cinema.

"Na medicina, sinto falta da criatividade. Não há muito espaço para ser criativo, porque, se você for, pode matar alguém", diz.

Para a transição, pensou em fazer uma nova graduação, mas optou pela pós em roteiro de ficção audiovisual do Senac, que ainda cursa.

Um dos maiores desafios, conta, foi voltar a escrever, prática que havia deixado de lado em favor da medicina.

"Tenho me dedicado à medicina desde os 14, é algo que exige muito, não é à toa que tenho letra feia", brinca.

Atualmente, ela está finalizando seu primeiro curta-metragem e sonha em ser roteirista profissional. Por enquanto, porém, ainda atende como psiquiatra. "Não se muda de área do nada aos 32 anos", diz.


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