Folha de S. Paulo


Fazer pós-graduação apenas pelo título não adianta, dizem recrutadores

Mais do que corresponder a uma área em alta ou acompanhar uma carreira da moda, o curso de pós-graduação deve se encaixar na trajetória do profissional, dizem recrutadores e diretores de RH.

"Fazer uma pós apenas pelo título não funciona. O grande questionamento é por que o candidato investiu tempo e dinheiro nisso", diz Rodrigo Vianna, diretor-executivo da consultoria de recrutamento Talenses. "Quando perguntamos qual a razão de o candidato fazer a pós, muitos não sabem responder", complementa.

"Sem ter experiência, o aluno não vai ter muito conteúdo além do teórico para compartilhar", explica Sueli Campos, diretora de recursos humanos da Johnson & Johnson Medical.

Ela considera que os jovens recém-formados ficam ansiosos para fazer uma pós e não refletem sobre como o curso irá contribuir para a carreira.

Já a vice-presidente de recursos humanos do banco Santander, Vanessa Lobato, defende que o estudante procure na pós uma formação complementar.

"Se o perfil do candidato é muito lógico e matemático, e ele busca uma pós em gestão, essa é uma atitude positiva. Alguém que fez engenharia e foi buscar uma pós em RH também é interessante", diz.

Modalidade dos curso de pós-graduação

FAZ TUDO

Para Gley Xavier, coordenador-geral de pós-graduação da Faap (Fundação Armando Álvares Penteado), a especialização ideal oferece ao candidato conhecimentos que permitem ampliar seu horizonte profissional e podem ser facilmente utilizados em diversos setores.

Ele cita, por exemplo, a área de gestão de projetos, que permite a atuação em empresas de qualquer segmento. "É um curso generalista, mas muito prático, muito aplicável", diz.

De acordo com Lucas Nogueira, gerente da consultoria de recrutamento Robert Half, as empresas buscam profissionais empreendedores, capazes de dar soluções dentro da organização.

Por isso, recomenda cursos que tenham esse viés ou que permitam ao profissional atuar em diversos setores diferentes, como um curso da área contábil.

Foi o que fez Mirian Azevedo, 33. Formada em administração, ela se matriculou em uma especialização em controladoria financeira.

Ao concluir o curso, em 2014, mudou de emprego e hoje trabalha como auxiliar financeira na petrolífera YPF. "Já estou procurando outra pós, agora mais específica para a área de tributação", diz.

Ela considera que ter o curso no currículo ajudou a abrir as portas. Para Vianna, da Talenses, muitas vezes o profissional que está estudando leva uma vantagem na hora de disputar uma vaga.

"O fato de ele estar antenado, participando de discussões e trocando figurinhas com gente do mercado às vezes conta mais que o conteúdo", observa.


Endereço da página:

Links no texto: