Folha de S. Paulo


'Boom' de pós-graduação em gestão faz surgir nomes confusos e cursos ruins

A popularidade das pós-graduações em gestão e negócios levou a um "boom" na oferta de cursos na área. Se essa expansão aumentou as opções para alunos, também fez surgir uma confusão de nomenclaturas que dificulta a escolha do curso ideal.

Na ESPM, por exemplo, "gestão de negócios" e "gestão empresarial" são sinônimos. "Nos dois casos, o objetivo é passar uma visão geral sobre um negócio e abordar os campos para se tornar um bom gestor", diz Licínio Motta, diretor de pós-graduação da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing).

Já na FGV, o termo "gestão de negócios" aparece em cursos para quem quer empreender e "gestão empresarial" para quem está empregado e quer se tornar diretor.

"O jeito é olhar as ementas, questionar sobre o perfil de alunos e professores e verificar a ênfase em determinadas áreas", afirma Paulo Lemos, diretor da FGV Management, departamento responsável pelos cursos da escola.

Um fator que explica o grande volume de cursos nessa área é que ela atrai graduados de formações distintas.

"A partir de certo ponto da carreira, é a formação humana que faz o profissional evoluir", afirma Motta. "Por isso a pós em gestão é procurada por engenheiros, arquitetos e outros profissionais."

Soma-se a isso o fato de que, para as faculdades, é fácil formatar cursos administrativos, que exigem pouca estrutura. De acordo com Rafael Souto, diretor da consultoria de recrutamento Produtive, 30% dos mais de 40 mil cursos de especialização são de gestão e negócios.

Uma consequência dessa expansão, porém, é que nem sempre as pós-graduações oferecidas são de qualidade.

"Muitas empresas perceberam que os cursos lato sensu ganharam escala sem qualidade e começam a delimitar as faculdades aceitas em suas seleções", afirma Souto.

Modalidade dos curso de pós-graduação

'MASTER' DE QUÊ?

A profusão de nomes também existe porque cursos lato sensu não estão sujeitos à regulação rígida feita pelo Ministério da Educação, como é o caso dos mestrados e doutorados.

O nome "MBA" ("master of business administration"), por exemplo, é um dos que são usados sem critério.

"Viu-se aqui a criação de cursos nomeados MBAs que vão de moda a terapia ocupacional, fugindo da proposta original, que é de formação generalista em gestão", diz Souto, da Produtive.

Quem procura MBAs "puros" pode verificar se o curso é credenciado pelas associações de MBA Amba e Anamba, que estabelecem exigências como carga horária de 480 horas, sendo 75% destinada a uma lista de disciplinas de administração.

ESCOLHA PERFEITA

Veja o passo a passo para eleger a pós-graduação ideal

1. Plano de carreira: Coloque no papel onde quer chegar e qual área pretende seguir. Se baseie em seu histórico profissional e nos seus interesses.

2. Pontos fracos: Procure identificar habilidades suas que precisam ser aperfeiçoadas. Faça uma lista e, a partir dela, leia ementas de cursos.

3. Grade curricular: Responda a três questões: o curso vai trazer informações novas? Mistura prática e teoria? Vou aplicar os conhecimentos?

4. Corpo docente: Procure os currículos dos professores e descubra se a área de atuação deles pode contribuir com a sua carreira.

5. Networking: Saiba qual é o perfil dos alunos. Alguns cursos não exigem muito dos candidatos, o que pode resultar em turmas pouco interessantes.

6. Prestígio: Os mestrados e doutorados são avaliados pela Capes e recebem notas entre um e sete. MBAs não são avaliados. Fale com ex-alunos.

7. Carga horária: Alguns mestrados exigem que o aluno dê aulas, outros, que escreva relatórios. MBAs têm uma carga horária menor.


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