Um sofá, cobertores e as cinzas que restaram de uma fogueira resumem os últimos dias de ocupação da Escola Estadual Fernão Dias Paes, em Pinheiros (zona oeste de São Paulo), símbolo dos protestos contra a reorganização do ensino no Estado.
Alunos que vivem na unidade de ensino desde 10 de novembro de 2015 decidiram deixá-la neste fim de semana.
O Fernão Dias foi o segundo a ser ocupado por estudantes após o governo estadual decidiu fechar 92 unidades e transferir 311 mil alunos.
O colégio acabou concentrando as principais lideranças, em um tipo de quartel-general do movimento.
Após uma série de ocupações e protestos nas ruas, a gestão Geraldo Alckmin (PSDB) suspendeu a mudança, o que resultou também na saída do então secretário de Educação Herman Voorwald.
Mesmo depois do recuo do governador no começo de dezembro, porém, alunos mantiveram parte das ocupações –inclusive na Fernão Dias–, sob a justificativa de que querem uma revogação definitiva, e não só a suspensão.
Até esta sexta-feira (1º), dez escolas ainda estavam ocupadas. No pico dos protestos, cerca de 200 foram tomadas pelos alunos. Segundo o governo, depredações em 81 delas causaram prejuízo de R$ 1 milhão.
Numa espécie de despedida, alguns alunos passaram a virada do ano sob as árvores no pátio da Fernão Dias.
"Cada um trouxe uma comida e a gente fez uma ceia em volta da fogueira", disse Heudes Cássio Oliveira, aluno do ensino médio e um dos líderes da ocupação. No primeiro dia do ano, também fizeram uma faxina na escola.
Os estudantes decidiram nesta semana deixar a unidade após acordo com a diretoria de ensino para que as aulas de reposição sejam retomadas já no próximo dia 4.
Segundo a Secretaria Estadual da Educação, mesmo sendo período de férias, haverá professores suficientes para as aulas. Oliveira diz esperar que outras reivindicações dos alunos sejam atendidas. Entre elas, a retomada de uma oficina de teatro que havia aos sábados na escola.
Estudantes afetados pelas mudanças -