Folha de S. Paulo


Mesmo cansado, aluno diz continuar em ocupação ao menos até quarta

O cansaço chegou em algumas escolas ocupadas por alunos em São Paulo, mas não a hora das ocupações acabarem. Este é o discurso encontrado nos colégios controlados por estudantes e apoiadores visitados pela Folha na tarde deste domingo (6).

Mas até quando os alunos devem permanecer controlando as escolas? "Pelo menos até quarta-feira", disse a estudante Victória Serafim, 16. "Depois, vai depender das novas assembleias", completou a colega Gabriela Callis, 17, ambas do "comitê de mídia" dos manifestantes do colégio Professor Fidelino de Figueiredo, na Santa Cecília (zona oeste). As duas são uníssonas. "Várias pessoas estão cansadas", disse.

Quarta-feira, dia 9, é apontada como data mínima para permanência nas escolas porque está marcada uma grande manifestação por parte dos alunos que terá início na av. Paulista, no vão do Masp.

Na escola Caetano de Campos, na Consolação, e Caetano de Campos, na Aclimação, os alunos também já estudam a remoção dos acampamentos, mas não a desmobilização do movimento. "A principal luta agora será pela qualidade de ensino. Estamos formando uma série de analfabetos funcionais. Alunos se formam sem saber escrever", disse o gerente de açougue Janderson Alves Penteado, 47, pai de um dos líderes da ocupação da escola na Consolação, Lucas Prata Penteado, o Lucas Coca.

"Vamos continuar. Temos inúmeras outras estratégias [além das ocupações]", disse o rapaz de 18 anos. Pai e filho estão acampados na escola.

No colégio da Aclimação, o discurso também é de um pouco de cansaço, mas o recuo por parte do governo deu ainda mais combustível aos estudantes. "Ficamos surpresos com tanto apoio. Vieram alguns pais criticarem, mas a maioria nos apoiou. Nós não imaginávamos tanto sucesso nem que o governo fosse recuar tão rápido", disse Ciro Paulo Pinto Júnior, 17. "Estamos aprendendo muito mais nesse período de ocupação do que quando estávamos estudando. "

De igual há, também, o discurso de uma "batalha" vencida, mas que as trincheiras só serão abandonadas quando o governo assinar um "tratado de rendição": uma publicação com a desistência total do projeto de reorganização. "Eles precisam publicar um documento dizendo isso. Porque só palavras do governo não valem nada", disse Allekxander Buniak, 21, um dos integrantes do grupo que ocupa a escola Fernão Dias Paes, em Pinheiros (zona oeste).

Mudanças suspensas

Estudantes que seriam afetados pelas mudanças -

Destino das 196 escolas ocupadas -

divisão dos ciclos de ensino - Como é hoje e como seria, segundo a proposta


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