Folha de S. Paulo


Centro de SP tem 'chuva de bombas' em protestos contra plano de escolas

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Ruas e avenidas da região central de SP tiveram uma "chuva de bombas" no final da manhã desta sexta-feira (4), em mais um protesto de estudantes e integrantes de movimentos sociais contra a reorganização da rede de ensino de São Paulo proposta pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) e que resultará no fechamento de 92 escolas a partir do ano que vem.

Durante o ato, Alckmin recuou e anunciou que suspendeu as mudanças nos colégios.

Um grupo de cerca de 200 pessoas, que no início da manhã fez uma manifestação em frente à USP (Universidade de São Paulo), deslocou-se até a avenida Paulista, onde a PM passou a usar bombas de efeito moral para dispersar o ato e liberar as vias para a passagem de veículos presos no congestionamento.

Em meio à ação dos policiais, com bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo, os manifestantes correram e saíram em marcha rumo ao centro da cidade. Desceram a rua da Consolação, passaram pela praça Roosevelt e, pouco antes das 12h, bloquearam a avenida Ipiranga, sempre com bombas e PMs no encalço.

Muitos pedestres que transitavam pelas calçadas sentiram os efeitos do gás, abaixando-se para tentar respirar melhor.

Após o anúncio de revogação, parte dos alunos, que já estavam na região da praça da República, comemorou o recuo do governador. "É por isso que nós lutamos", diz Angela Meyer, 21, militante da Upes (União Paulista dos Estudantes Secundaristas).

No entanto, os estudantes decidiram ir ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, para "garantir" a revogação. A Apeoesp (sindicato dos professores), que apoiou os estudantes desde o início das ocupações, cedeu ônibus para levar os alunos à sede do governo paulista.

RECLAMAÇÕES

"Sou a favor do protesto, só acho que tem que deixar uma via livre pra gente que precisa ir pro médico, como eu", diz a autônoma Juliana Ferreira de Oliveira. Ela é contrária à reorganização escolar, no entanto, diz: "Como é que os pais vão se organizar pra levar os filhos pras novas escolas?"

"Todo mundo tem direito a protesto", diz o diretor sindical do setor do comércio, o gaúcho Valdenir Oliveira. Ele está em SP para um congresso.

Mais cedo, a marginal Pinheiros tinha 5,6 km de congestionamento no sentido Interlagos. Segundo o sistema de monitoramento da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), o tráfego estava travado da rodovia Castello Branco até a ponte Cidade Universitária. O congestionamento na cidade, porém, se mantém abaixo da média desde o início da manhã.

Na quinta (3), estudantes fizeram uma série de manifestações em vias de grande circulação de veículos ao longo do dia. O plano de reorganização das escolas estaduais, já publicado em decreto, prevê a divisão das escolas por ciclos únicos (anos iniciais e finais do fundamental e o médio).

Segundo o governo, o objetivo é melhorar a qualidade do ensino e evitar, por exemplo, que alunos de seis anos frequentem a mesma unidade de adolescentes de 17 e 18 anos.

O plano encontra resistência de parte dos alunos afetados –191 escolas estão ocupadas em protesto contra a mudança. Além disso, o Ministério Público do Estado decidiu entrar com ações na Justiça para derrubar a proposta da Secretaria do Estado de Educação de São Paulo.

A onda de pequenos protestos ganhou corpo nesta terça (1°). À noite, um protesto na av. Nove de Julho, com alunos contrários à reorganização, terminou em confronto com PMs, que usaram bombas de gás para desbloquear a via. Alguns revidaram com pedras.

Mudanças na educação


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