Folha de S. Paulo


Sobe para 8 o número de escolas estaduais invadidas na Grande SP

Editoria de arte/Folhapress

A Secretaria do Estado da Educação confirmou nesta sexta-feira (13) que oito escolas da rede paulista foram invadidas por alunos, que protestam contra a proposta de reorganização dos ciclos de ensino.

Três escolas ficam na Grande São Paulo –Valdomiro Silveira, Diadema e Heloísa Assumpção– e as demais na capital paulista –Fernão Dias Paes, Dona Ana Rosa de Araújo, Salvador Allende Gossens, Castro Alves e Pio Telles Peixoto.

Nesta tarde, a Secretaria da Educação de São Paulo tentou negociar com manifestantes que ocupam a escola estadual Valdomiro Silveira, porém, sem sucesso. Assim, o colégio é o oitavo invadido por estudantes.

Segundo a secretaria de Educação, a unidade tem 450 alunos matriculados e capacidade para 2.000 estudantes. Todos os alunos já estão matriculados em unidades de sua preferência para o ano letivo de 2016, afirmou a pasta.

Por volta das 5h desta sexta, cerca de 200 estudantes invadiram a escola estadual Dona Ana Rosa de Araújo (zona oeste). A ocupação foi planejada por meio de grupos do aplicativo WhatsApp nos últimos dias.

Os alunos estão concentrados no pátio, sem acesso à cozinha. Eles disseram que a diretoria da escola ofereceu apenas bolachas e suco para eles desde o início da ocupação. Eles planejam arrombar a porta da cozinha.

No início da tarde, boa parte dos estudantes deixaram o colégio para trabalhar ou ir para o estágio. Parte deles disseram que vão voltar para passar a noite no local.

Os alunos fazem a manifestação para manter turmas de ensino médio na unidade. A partir de 2016, o colégio deve ter aulas apenas para estudantes do ensino fundamental.

"Queremos que deixem ao menos as turmas já matriculadas terminar o ensino médio aqui. Vamos ficar o tempo necessário na escola para conseguirmos uma reunião com o secretário da Educação", disse o estudante do 2º ano do ensino médio Ângelo Gabriel dos Santos Moreira, 16.

Os estudantes se dividiram em grupos para fazer a limpeza do local, cuidar do acesso à escola e se comunicar com a imprensa.

Já os alunos da escola Valdomiro Silveira, em Santo André (Grande SP), voltaram a invadir a unidade após o término das aulas do período noturno na noite desta quinta (12), informou a secretaria.

Em nota, a secretaria disse que "se mantém aberta ao diálogo, mas não apoia atos de vandalismo orquestrados por entidades que não estão em busca da melhoria do ensino".

AUDIÊNCIA

Pioneira, a invasão do colégio Fernão Dias Paes, em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, chegou ao seu quarto dia nesta sexta. Por volta das 14h20, três alunos deixaram a escola para participa de uma audiência de conciliação no fórum João Mendes, região central da cidade, para negociar a saída da escola depois que a Justiça decretou a reintegração de posse do espaço em até 24 horas.

Na saída, houve tumulto entre policiais e manifestantes, que questionavam por que a advogada dos alunos foi impedida de acompanhá-los. A advogada Karina Quintanilha, da comissão de direitos humanos do sindicato dos advogados, foi impedida de entrar na Kombi por uma assistente social que acompanhava os alunos. Quintanilha afirmou que os alunos tinham direito de serem acompanhados por um advogado até o fórum.

Durante a confusão, o carro que levava os alunos foi cercado na rua Teodoro Sampaio. Policiais empurraram os manifestantes e o motorista acelerou com eles à frente.

"Vamos até o fim. Só seremos retirados pela PM ou quando a nossa demanda for atendida", afirma Nardi. Ela conta que nos dias e nas noites em que ficaram na escola, os alunos limparam o edifício e nunca depredaram nada "como disseram por aí". Os manifestantes, diz, se revezavam para cozinhar, se oferecendo voluntariamente para cumprir essa função.

Juiz, alguns alunos e representantes do governo devem comparecer na audiência de conciliação. A reunião também deve ser acompanhada pela Defensoria Pública do Estado e o Conselho Tutelar, já que alguns dos estudantes são menores de idade.

A secretaria reforça que se mantém aberta ao diálogo com os manifestantes que ocupam os espaços escolares na capital e região metropolitana. A pasta diz ainda que a unidade de ensino será reorganizada e passará a ter somente os anos finais do ensino fundamental. "A reorganização visa melhorar a qualidade de ensino dos estudantes e aprimorar as condições de trabalho dos professores. Estudos mostram que escolas com um único ciclo apresentam rendimento até 10% superior às demais", diz, em nota.

No próximo sábado (14), as unidades da rede estadual abrirão para receber pais e responsáveis para sanar eventuais dúvidas e passar informações sobre a reorganização das escolas.

Infográfico: Mudanças na educação

A gestão Geraldo Alckmin (PSDB) vai fechar 94 unidades estaduais a partir de 2016. Dessas, 55 estão na Grande São Paulo -e 25 destas na capital paulista. A gestão Alckmin decidiu dividir os colégios estaduais de São Paulo por ciclos de ensino, em um plano que vai fazer com que cerca de 311 mil alunos da rede paulista mudem de escola a partir do ano que vem.

A rede estadual paulista tem 5.147 escolas e atende a 3,8 milhões de alunos. Ao todo, 754 escolas atenderão apenas um ciclo de ensino em todo o Estado.

OUTROS PROTESTOS

A escola estadual de Diadema, também na Grande SP, foi invadida na terça (10), mas os estudantes estão concentrados em apenas uma parte do pátio e as aulas estão acontecendo normalmente, segundo o governo.

As invasões no colégio Castro Alves, em Santana (zona norte), e Heloísa Assumpção, em Osasco, também na Grande SP aconteceram nesta quinta. Não há informações de quantos alunos protestam nessas unidades.

Na escola estadual Salvador Allende Gossens, em Itaquera (zona leste), os alunos quebraram os cadeados dos portões por volta das 5h e invadiram a unidade. Cerca de cem alunos participam do protesto. Eles colocaram novos no lugar para controlar o acesso. O prédio da escola Salvador Allende será usado pelo Centro Paula Souza ou pela Prefeitura de São Paulo, que poderá transformá-la em creches ou pré-escolas. Os estudantes dizem ter decidido ocupar o local após a diretoria da escola anunciar o fechamento da unidade.

Escolas de SP que serão 'fechadas' em 2016


Endereço da página:

Links no texto: