Folha de S. Paulo


PM usa spray de pimenta em alunos que invadiram escola na zona oeste de SP

Uma aluna da escola estadual Fernão Dias Paes, em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, foi atingida com spray de pimenta usado pela Polícia Militar na manhã desta quarta-feira (11).

A estudante Sandy Rodrigues, 15, aluna do primeiro ano do ensino médio, e o manifestante Daniel Cruz, 19, diretor da Upes (União Paulista de Estudantes Secundaristas), protestavam no portão de trás da escola, quando por volta das 9h foram atingidos por spray de pimenta.

Segundo Cruz, os dois estavam cantando quando um PM usou spray de pimenta, que acabou atingindo seu olho. Sandy, que estava ao lado, também foi atingida. "Fiquei sem ar", disse a aluna, que inalou o spray. A estudante afirmou que os policiais apontaram armas em sua direção.

Ao menos 300 manifestantes permanecem do lado de fora da escola, com apoio do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), para apoiar os cerca de cem estudantes da Fernão Dias Paes que permanecem dentro da escola. Para cansar os alunos, a água do colégio chegou a ser cortada na noite desta terça (10). Mesmo assim, em assembleia, eles decidiram passar a noite lá. Minutos depois, a água voltou.

PROTESTO

Os estudantes protestam desde a manhã desta terça-feira (10) quando centenas de alunos ocuparam a escola em protesto contra a reorganização feita pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) nas escolas da rede estadual paulista. Ao todo, 94 unidades deixaram de funcionar para dar lugar a atividades como creche e ensino técnico; 754 passarão a atender apenas um de três ciclos de ensino (fundamental 1 e 2 e médio).

Por desacato à autoridade, José Roberto Guido, diretor estadual da Apeosp, foi detido e levado ao 14º DP (Pinheiros). Guido estava embriagado. Por volta das 11h, ele estava consumindo bebidas alcoólicas em uma padaria próxima à escola, onde arrumou confusão com funcionários e manifestantes que foram comer no local.

A Fernão Dias Paes terá só o nível médio a partir de 2016. Segundo a secretaria de Educação, 213 alunos do fundamental serão transferidos para a escola Godofredo Furtado, a cerca de 1,5 km. Além da reorganização das escolas, os alunos reclamam também da estrutura: chão esburacado e banheiro sem vaso sanitário, dizem.

O secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Eduardo Suplicy, conversou com os alunos nesta terça (10) por volta das 22h e disse que iria cobrar diálogo por parte do governador Geraldo Alckmin. Nesta quarta (11), Suplicy informou que tentou entrar em contato com Alckmin, mas não conseguiu. Ele mandou um e-mail e deixou um recado com a secretária do governador.


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