Folha de S. Paulo


Mérito de mudança em escolas de SP é racionalizar verba, diz especialista

O governo tem o mérito de buscar a racionalização dos recursos ao reorganizar sua rede, afirma a coordenadora-geral da ONG Todos pela Educação, Alejandra Meraz Velasco.

Velasco, porém, diz que o Estado falhou ao não conversar com os principais envolvidos (famílias e professores) e que faltam informações para estimar a eficácia da medida.

A gestão Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou nesta quarta (28) que "fechará" 94 escolas paulistas durante a reorganização de ciclos.

A ideia da reorganização foi apresentada pela Secretaria de Educação há um mês, mas ainda não se divulgou toda a movimentação que ocorrerá em 2016 (quais escolas receberão estudantes, por exemplo).

Como base para a medida, o governo afirma que estudo interno mostra que escolas com apenas um segmento possuem nota 22% superior às demais, em média, na avaliação estadual de qualidade.

Além disso, o Ministério da Educação define como de "maior complexidade de gestão" as escolas que possuem mais de um segmento (ensinos fundamental e médio, por exemplo). A seguir, a avaliação de Velasco sobre o tema.

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Folha - Qual a sua avaliação sobre a reorganização?
Alejandra Meraz Velasco - A informação disponível ainda não desenha por completo o cenário esperado após a reorganização. Os principais argumentos da Secretaria de Educação apontam para
o objetivo de racionalização dos recursos, um exercício necessário na implementação de qualquer política pública.
Mas é preciso deixar mais claro quais serão os critérios de realocação de alunos e de professores e quais serão as condições de atendimento nas escolas de ciclo único.

O governo do Estado poderia ter feito algo diferente para reduzir a resistência à medida?
Sem dúvida. A transparência nos critérios de decisão, a disponibilização de um mapa das escolas e seu novo esquema de funcionamento e um maior diálogo com os atores envolvidos poderiam ter reduzido essa resistência.

Muitos defendem que, em vez de deslocar os alunos, seria melhor diminuir o tamanho das turmas.
A sociedade deveria ter acesso a informações que justifiquem decisões que o gestor público toma. Maior diálogo na restruturação permitiria à população entender a escolha feita.

Infográfico: Mudanças na educação


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