Folha de S. Paulo


Enem tem ausência de 25,5% dos inscritos e 743 candidatos eliminados

A edição 2015 do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) terminou neste domingo (25) com um índice de abstenção de 25,5%, segundo balanço atualizado do Ministério da Educação.

Veja comentário dos professores desse 2º dia

É o menor índice desde 2009, quando o exame começou a ganhar força como meio de seleção para ingresso nas universidades públicas do país.

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De 7,7 milhões de inscritos, cerca de 1,9 milhão deixaram de participar dos dois dias do exame.

O ministro Aloizio Mercadante atribuiu o menor índice de ausência registrado neste ano às regras para obter isenção nas taxas de inscrição, que exigem a participação dos estudantes, e à inclusão do Enem como critério de seleção em programas como o Fies (Fundo de Financiamento Estudantil).

"A motivação para o Enem vem crescendo ano a ano, pelas oportunidades que vem sendo dadas, como Prouni e Fies. Muitos que fazem o exame pretendem entrar em um novo curso ou na universidade pública", afirma.

Além do menor índice de abstenções, o Enem também registrou um número menor de candidatos eliminados neste ano em relação a 2014, quando houve 1.519 afastamentos.

Ao todo, 743 participantes foram eliminados por descumprirem as regras nos dois dias do exame –365 no sábado e 378 neste domingo.

Do total, 677 foram afastados por estarem com equipamentos "inadequados" e papéis impressos não relacionados à prova.

Outros 63 foram eliminados após passarem por detectores de metais e serem flagrados com pontos eletrônicos e outros objetos proibidos pelo edital.

Também houve três estudantes que foram retirados das salas de aula por postarem fotos nas redes sociais dentro do local de prova, o que é proibido.

O exame também registrou nove casos de emergências médicas - em um deles, uma grávida entrou em trabalho de parto– e 23 ocorrências de queda temporária de energia.

Em uma escola em Marituba, no Pará, a luz não pôde ser restabelecida e a prova foi cancelada. Segundo o MEC, 661 estudantes devem realizar as provas novamente nos dias 1o e 2 de dezembro.

No mesmo dia, 4.542 estudantes das cidades catarinenses de Taió e Rio do Sul, onde a prova foi cancelada por conta dos estragos causados pelas chuvas, também devem realizar o exame.

REDAÇÃO

Questionado, o ministro classificou como "excelente" o tema da prova de redação, sobre a "persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira".

"É inquestionável. Estamos numa sociedade onde ainda há muita violência contra a mulher. Apesar de uma série de iniciativas e políticas públicas nos últimos anos, como a lei Maria da Penha, da lei do feminicídio e das delegacias da mulher, ela está presente em praticamente todos os municípios e os indicadores são muito preocupantes."

Mercadante também rebateu críticas realizadas nas redes sociais sobre os conteúdos da prova. Neste domingo, alguns internautas classificaram a prova como "doutrinária" e "marxista". Outros, por outro lado, elogiaram os temas e disseram que o Enem deste ano foi "feminista".

Um dos principais pontos de embate foi uma questão que citava Simone de Beauvoir.

Para o ministro, "o debate pedagógico e político é próprio de um exame dessa natureza".

"Simone de Beauvoir é uma intelectual internacionalmente reconhecida. A grande contribuição literária dela se dá nos anos 1950 e 1960 onde a questão central era a condição da mulher na sociedade e a luta pelo direito de participação das mulheres. É bom lembrar que até 1962 no Brasil a mulher juridicamente era considerada num casamento como relativamente incapaz, sem direitos, e até os anos 1930 era impedida de votar. Esse é o contexto do debate. As pessoas podem divergir. Mas na educação tem que estar aberto a conhecer e refletir", afirma.


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