Folha de S. Paulo


Estudantes protestam contra reforma dos ciclos de ensino em SP

Um grupo de estudantes protestou nesta sexta-feira (23) contra o projeto da gestão Geraldo Alckmin (PSDB) de reorganizar as escolas da rede estadual paulista por ciclos únicos de educação.

Cerca de 1.200 pessoas participaram do protesto organizado pela UMES (União Municipal dos Estudantes Secundaristas). A Polícia Militar não informou a estimativa de público, mas afirmou que a manifestação foi pacífica.

"Não lutamos apenas pela nossa escola. Mas, estamos lutando por todas as escolas do Estado de São Paulo", disse Pedro Vieira, 17, presidente do grêmio da escola Padre Sabóia de Medeiros, na Chácara Santo Antônio.

Ele disse ainda que o governo paulista precisa investir mais na construção de escolas e que a mudança nos ciclos pode provocar a desistência de alunos. "Na minha escola há aulas nos períodos da manhã e da noite. Muitos alunos estudam e trabalham. Caso mudem de escola, eles podem ser obrigados a estudar no período da tarde, por exemplo."

O ato começou por volta das 9h em frente ao Masp (Museu de Arte de São Paulo), na avenida Paulista, região central de São Paulo. Com faixas e cartazes, os manifestantes chegaram a bloquear todas as faixas da via em direção à rua da Consolação. Por volta das 9h50, eles deixaram a Paulista em direção à seda da Secretaria do Estado da Educação, na praça da República. O ato terminou por volta do meio-dia.

Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), durante o percurso até a secretaria, os manifestantes chegaram a interditar a rua da Consolação, sentido centro, a avenida Ipiranga e no entorno da praça da República.

REORGANIZAÇÃO DOS CICLOS

O secretário da Educação, Herman Voorwald, deve divulgar nesta sexta a lista com a relação das escolas que devem sofrer mudanças por conta da reorganização escolar prevista para 2016.

Mudanças na educação

A meta da Secretaria de Estado da Educação é manter, em cada colégio, apenas um ciclo de ensino –anos iniciais (1º ao 5º) do ensino fundamental ou anos finais (6º ao 9º) do fundamental ou ensino médio. Com isso, alunos serão transferidos.

O processo afetará até mil escolas estaduais e entre 1 milhão e 2 milhões de estudantes. A rede soma 5.108 unidades e 3,8 milhões de alunos. A secretaria da Educação afirma que o aluno que precisar ser transferido irá para um colégio a até 1,5 km do endereço anterior. A pasta diz, ainda, que analisa a situação de 3.600 das 5.108 escolas em todo o Estado. Cerca de mil devem sofrer mudanças.

Bruno Santos-22.ago.2015/Folhapress
O secretário estadual da Educação, Herman Voorwald, em entrevista à *Folha*, em agosto
O secretário estadual da Educação, Herman Voorwald, em entrevista à Folha, em agosto

No dia 13 de outubro, Voorwald, afirmou que os estudantes das escolas públicas de São Paulo também deveriam protestar quando professores da rede de ensino fizerem greves extensas. Neste ano, docentes fizeram paralisação de 89 dias, a mais longa da história da rede –e que terminou sem que a gestão tucana tenha feito proposta de reajuste salarial.

"É muito interessante o aluno protestar. Quem sabe estejamos criando na educação o protesto para que não falte professor. Para que as greves [de professores] não sejam tão extensas, para que uma greve de 90 dias seja um absurdo numa rede de 4 milhões de estudantes", disse à Folha, por telefone, na ocasião.

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DÚVIDAS SOBRE REFORMA DA REDE ESTADUAL DE ENSINO

1 - O que mudará na rede em 2016?
O governo decidiu dividir os colégios por ciclos de ensino. O objetivo é que a maioria das unidades ofereça classes de apenas um dos três ciclos -anos iniciais do fundamental (1º ao 5º), anos finais (6º ao 9º) e ensino médio.

2 - Quantos alunos serão afetados?
Segundo o governo, o plano vai afetar até mil escolas e entre 1 milhão e 2 milhões de alunos -a rede tem 5.108 escolas e 3,8 milhões de estudantes.

3 - Alguma escola será fechada?
O governo admite que sim, mas afirma que os espaços continuarão sendo usados para educação, com creches ou escolas técnicas, por exemplo.

4 - Por que essa mudança?
O governo afirma que as escolas têm vagas ociosas, já que perderam quase 2 milhões de alunos nos últimos 14 anos. A divisão favoreceria "a gestão das unidades e a adoção de estratégias pedagógicas focadas na fase de aprendizado dos alunos".

5 - Já estão definidas as escolas que serão alteradas?
Segundo a secretaria, não. Até dia 23, os 91 dirigentes de ensino do Estado terão que apresentar sugestões.

6 - Quando o aluno saberá se foi transferido?
No dia 14 de novembro, por meio de reuniões nas escolas.

7 - Em caso de mudança, o aluno poderá escolher a nova escola?
Em dezembro, a secretaria abrirá um período de transferência "por preferência".
Inicialmente, os alunos precisam alterar seus dados em www.atualizeseusdados.educacao.sp.gov.br para que sejam rematriculados na escola mais próxima de casa.


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