Folha de S. Paulo


Verdura e fritura travam batalha nas escolas; veja tipos de merendas

Comida é um assunto e uma preocupação de pais e mestres. A maior oferta de ensino integral e o crescimento da obesidade colocam o tema nas reuniões pedagógicas.

"A alimentação é um complemento na prestação de serviços. As famílias estão delegando isso às escolas", diz Julio Cesar Salles, dono da rede Tio Julio, que administra cantinas de 153 escolas particulares no Brasil.

Reeducação alimentar e comida saudável são os mantras de escolas e fornecedores, que tentam convencer crianças e adolescentes de que é melhor comer verdura que batata frita. Para realizar essa tarefa, inventam promoções, como visitas à cozinha e "feirinha" de legumes.

A Sodexo, que atende 40 escolas no Brasil, criou há três anos o Kid+, um programa com educador nutricional e fantoches para falar sobre bons hábitos alimentares.

Já as Cantinas Tio Julio fazem o lobby da saúde oferecendo prêmios, de tablets a viagens. Os alunos podem, por exemplo, ganhar cupons a cada dez alimentos saudáveis consumidos na cantina.

Em alguns colégios, toda a comida é preparada e servida por uma equipe própria, que determina o tipo de alimento e até as porções.

À luz de princípios como o da pirâmide alimentar, que define a quantidade diária a ser consumida de carboidratos, gorduras, proteínas e vitaminas, são servidos almoços e lanches "equilibrados". Podem entrar algumas guloseimas de vez em quando ou certos itens industrializados, mas refrigerantes, não.

"A refeição é planejada. Doce é só uma vez por semana, só um por criança. Às vezes tem até um chocolatinho, para eles aprenderem que podem comer, com limites", diz Regina Ervolino, nutricionista da Escola Internacional de Alphaville, em Barueri (SP).

Lá, são servidas diariamente mais de 2.500 porções, entre lanches e refeições, com opções definidas pela equipe tanto da área pedagógica quanto da nutricional e preparadas por equipe do local.

CARDÁPIO FLEXÍVEL

Há ainda escolas que têm nutricionista própria, mas contratam empresa para administrar cantina e refeitório.

Nesses casos, o cardápio fica um pouco mais flexível, mas sem salgadinhos ou frituras. Refrigerantes acabam entrando, mas a orientação é que não fiquem expostos.

"O papel do nutricionista é promover a alimentação adequada através do planejamento e da implementação de ações de proteção, apoio e incentivo", diz Elaine Occhialini, nutricionista da Escola da Vila, em São Paulo. Ela orienta a cantina terceirizada que serve a escola.

A empresa, no caso, é a Cantinas Geller, que prepara tanto o cardápio "flex" da Escola da Vila quanto o menu orgânico da Rudolf Steiner.

Esse segundo cardápio, além de observar preceitos antroposóficos (ter sempre semente, raiz, caule, flor e fruto na refeição), é parecido com o que os pais acham em escolas mais alternativas.

Na Rudolf Steiner são servidos seis tipos de saladas no almoço, além de legumes.

Segundo Helena Aparecida Geller, dona da cantina, os cardápios são discutidos por uma comissão de pais, professores e coordenadores.

"Não uso produtos industrializados nem embutidos, mas não sou radical. Radicalismo não é saudável para ninguém", diz a cantineira.


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