De empresas a instituições de ensino superior. O alcance da EaD (Educação a Distância) se ampliando por diversos espaços e públicos explica a expansão da modalidade pelo país.
Segundo dados de 2013, os mais atualizados da Abed (Associação Brasileira de Educação a Distância), 4 milhões de brasileiros estavam matriculados em cursos a distância -havia 15.733 deles no país.
Nesse gigantesco leque de oferta estão desde cursos livres, que não precisam ser avaliados pelo MEC (Ministério da Educação), ao último nível de especialização acadêmica, o doutorado.
De acordo com especialistas ouvidos pela Folha, antes de optar por um curso a distância, a regra é avaliar o momento de começar a estudar e os ganhos que ele é capaz de trazer à carreira.
Os cursos livres, por exemplo, representam 60,6% da oferta e 71,7% das matrículas na modalidade, segundo a Abed. Quando são ofertados por empresas, recebem a denominação de "corporativos".
Tipos de cursos na modalidade EaD; Crédito Editoria de Arte/Folhapress
Eles atendem a demanda de pessoas e empresas por iniciação profissional, treinamento operacional, atualização e, também, extensão universitária.
"Há pessoas que fazem cursos livres em idiomas e até em estética. As empresas usam a EaD como parte de suas políticas de relacionamento com clientes, investidores e o poder público. Os cursos também servem para treinar seus funcionários em novas técnicas de vendas e produção", afirma Jeferson Ferreira Fagundes, consultor do grupo educacional Estácio e integrante da Abed.
Na outra ponta estão os cursos de EaD autorizados pelo Mec, que contemplam da formação de nível fundamental à superior.
Na graduação virtual, que abarca cursos nos graus de licenciatura, bacharelado e tecnológico totalmente a distância ou semipresencial, houve um crescimento de 2.776% no número de matriculados de 2003 a 2013, segundo a Abed.
Cursos nas áreas de ciências humanas e sociais, como pedagogia, direito e administração, são os de maior demanda na graduação virtual. Com mais de 20 mil alunos matriculados, a engenharia é outra área que vem despontando.
FLEXIBILIDADE
Segundo Fabiano Ceretta, reitor da Unisul (Universidade do Sul de Santa Catarina), a pluralidade de cursos consolidou a modalidade no país.
"Nessa roupagem moderna, com a melhoria dos sistemas pedagógicos, a EaD não é mais associada ao ensino de baixa qualidade como antes. Na média, o que temos visto no nosso histórico é que o aluno da EaD, até pela disciplina com os estudos que é exigida, se sai melhor no Enade [exame federal aplicado a concluintes do ensino superior]", diz.
"A grade curricular e a duração [na EaD] é a mesma dos presenciais, mas os cursos contam com a vantagem da flexibilidade de horários para quem trabalha e busca uma formação ou requalificação no mercado profissional", afirma Ceretta.
Essa flexibilidade é um reflexo do perfil do aluno que opta pela EaD. Segundo a Abed, 90% dos universitários estudam e trabalham.
"O fato de os alunos da EaD já trabalharem explica a razão pela qual os cursos de pós-graduação da modalidade serem os mais procurados", diz Stavros Panagiotis, diretor-executivo da FGV Online.
Linha do tempo da Educação a Distância; Crédito Editoria de Arte/Folhapress
Quase 60% dos cursos autorizados a distância -incluindo os no formato lato sensu, como a especialização e o MBA, e os stricto sensu (mestrado e doutorado)- são de pós-graduação.
"[Cursos de pós a distância] são para quem já atua no mercado e quer se atualizar, mas viaja a negócios ou não tem tempo de sair do trabalho e atravessar a cidade para estudar todos os dias depois do horário comercial", diz Panagiotis.
Segundo ele, o fato de esse formato de pós-graduação ser menos regulado pelo MEC é outro motivo para o crescimento da oferta de especializações e MBAs a distância.
"Isso não significa que esses cursos sejam baratos. Há MBAs a distância na FGV [Fundação Getulio Vargas] que podem chegar a R$ 20 mil. No cenário atual, a variedade de opções e preços permite o aluno escolher, mas é preciso ver qual atende melhor sua necessidade e tamanho de bolso", diz.