Folha de S. Paulo


Greve dos professores de SP tem baixa adesão em grandes escolas

Moacyr Lopes Junior/Folhapress
Alunos da escola Maestro Brenno Rossi (zona leste), que tem 50% dos docentes em greve
Estudantes da escola Maestro Brenno Rossi, na zona leste de SP, que tem 50% dos docentes em greve

A greve dos professores da rede estadual paulista, que chega a 53 dias, atinge boa parte das maiores escolas, mas com baixa adesão.

A Folha consultou nesta semana os 15 colégios com mais matrículas na capital. Dos 12 que responderam, apenas dois afirmaram que não havia nenhuma paralisação.

Entre as escolas que informaram dados exatos, a média de professores parados ficou em cerca de 15%. As informações foram passadas por diretores e funcionários, que não quiseram ser identificados na reportagem.

Na rede toda, segundo a conta do governo Geraldo Alckmin (PSDB), 5% faltaram nesta quarta-feira (6).

Em relação ao levantamento da reportagem, a Secretaria da Educação diz que deve ser considerado que, diariamente, 4% dos docentes se ausentam, mesmo sem greve. A Folha, porém, questionou servidores apenas em relação às faltas pela greve.

Editoria de Arte/Folhapress

Já a Apeoesp (sindicato dos professores) afirma que 50% dos professores estão parados. "Já foi maior, tivemos 56%, mas consideramos a mobilização ainda forte", disse a presidente da entidade, Maria Izabel Noronha.

Os grevistas pedem reajuste salarial de 75,33%. É o percentual que o sindicato diz ser necessário para equiparar o salário do docente ao dos demais profissionais com formação semelhante.

O governo afirma não ser o momento de discutir reajuste. Nesta quarta, Alckmin disse que, quando o último aumento completar um ano, discutirá novo reajuste. "Se o governo puder, quer dar o máximo. Agora, não tem como dar reajuste de oito em oito meses." Para ele, a greve "não tem adesão".

O governador também defendeu o desconto de salário dos grevistas sob o argumento de que o governo não tem a "liberalidade" de pagar quem não dá aulas. Nesta quinta-feira (7), está prevista reunião entre as partes no Tribunal de Justiça, pedida pelo sindicato.

PALESTRAS

Na escola estadual Maestro Brenno Rossi, no Jardim da Conquista (extremo leste de SP), professores do ensino médio têm de dar aulas para três salas ao mesmo tempo em razão da greve.

Metade dos 120 docentes aderiu à paralisação. Foi a maior adesão encontrada no levantamento. "Quase todo mundo parou. Está difícil", disse a dona de casa Edileuza da Silva, 51, que, no início da tarde desta quarta, havia ido buscar a neta de 14 anos, aluna do ensino médio.

"Tem dia em que não tem nem chamada. Estão juntando salas direto", disse a garota. "De dez professores, vêm três. Eles se dividem para dar aulas", afirmou João, 15, também do ensino médio.

Já em Perus, extremo norte, fica a escola Brigadeiro Gavião Peixoto, a maior da cidade. A greve também afetou a rotina do colégio, com adesão de 20% dos docentes. Aulas são dadas por professores eventuais ou há "palestras" para ocupar o tempo.


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