Folha de S. Paulo


FGV vai oferecer primeira graduação em inglês do Brasil

A partir do próximo semestre, a FGV (Fundação Getulio Vargas) de São Paulo vai oferecer o primeiro curso de graduação do Brasil totalmente em inglês. Será uma turma de administração por semestre com aulas, trabalhos e exames somente em língua inglesa.

Essa turma -com 40 alunos por semestre- vai ter o mesmo conteúdo e o mesmo preço (R$ 3.350 mensais) que as demais. O que muda é só a língua. Os professores, inicialmente, também serão os mesmos -e ganharão um "extra" para preparar as aulas em outro idioma.

As lições em inglês não são, no entanto, uma novidade na escola. A FGV já vinha se preparando para a experiência há anos com a oferta de disciplinas optativas no idioma. Hoje, há 32 delas na escola, além de um mestrado profissional totalmente em língua inglesa.

Assim como já acontecia com as disciplinas eletivas, agora, os docentes dão aulas em inglês se quiserem. "A procura para ministrar as disciplinas tem sido grande", diz o diretor da escola, Luiz Artur Ledur Brito, que é conhecido nos corredores acadêmicos como um entusiasta da internacionalização.

"Parte dos professores tem experiência porque já deu aula em inglês em outros países", afirma. A Folha apurou que há professores da escola se preparando com aulas particulares do idioma.

Para os alunos, a escolha do curso em inglês vai acontecer somente na matrícula. Ou seja: quem for aprovado no vestibular regular da FGV poderá fazer essa opção. O próximo processo seletivo está com inscrições abertas até o dia 13 de maio.

Será preciso, no entanto, ter boas notas nas questões em inglês para optar pelo curso na língua estrangeira. "O aluno tem de entrar sabendo inglês, senão ele não vai conseguir acompanhar as aulas", explica Nelson Lerner Barth, coordenador dos cursos de graduação em administração.

Para a turma de 2016, haverá também um processo seletivo especial para alunos estrangeiros, diz Barth. A seleção, que deve acontecer no final deste ano, ainda está sendo desenhada.

A proposta da escola com a iniciativa é atrair mais estudantes e docentes estrangeiros. Hoje, 1% dos alunos da FGV vem de outros países (na USP, a taxa também é baixa: 2%). Em comparação, boas escolas de países como Alemanha e Holanda chegam a ter 20% de alunos estrangeiros.

"O desafio inicial vai ser um professor brasileiro dar aula em inglês para alunos brasileiros. Quando há estrangeiros na sala fica mais fácil", diz Barth.

Com as aulas em inglês, diz Tales Andreassi, vice-diretor da escola, a ideia é ter pelos menos 5% de estudantes de outros países.

A FGV também quer incentivar o intercâmbio de alunos e de docentes com as instituições parceiras da escola -são 102 no mundo- e estimular o duplo diploma de graduação que, hoje, é feito pela escola com a Universidade Northeastern, dos EUA.

Consultado, o MEC disse que não há regulamentação específica que impeça uma graduação inteira em inglês no Brasil, desde que o aluno também possa fazer, se quiser, a opção pelo português.

No mês passado, a USP anunciou que passaria a oferecer algumas disciplinas em inglês. A ideia, assim como a da FGV, é facilitar a internacionalização e atrair mais docentes e alunos estrangeiros para a universidade.


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