Folha de S. Paulo


'Não considero que aderi ao governo', diz novo ministro da Educação

Sérgio Lima/Folhapress
A presidente Dilma Rousseff na cerimônia de posse do novo ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, em Brasília (DF)
A presidente Dilma Rousseff e o novo ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, em Brasília

Questionado sobre críticas recentes que fez ao Executivo, o novo ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, afirmou que não considera ter aderido ao governo da presidente Dilma Rousseff, mas "convidado (...) para desempenhar determinado papel e para contribuir [com a área]".

"Se você faz críticas e é convidado a tentar resolver problemas que criticou, que direito tem de recusar?", questionou nesta segunda-feira (6) em sua primeira coletiva de imprensa. O filósofo apontou ainda "sinal de grandeza" da presidente Dilma em ter em sua equipe alguém que apontou falhas em sua gestão.

Em entrevista à revista "Brasileiros" publicada em março, o professor da USP afirmou que o governo federal tem atualmente uma concepção de que "não precisa prestar contas à sociedade. É isso que a Dilma está mostrando. Uma concepção de governo muito inquietante, porque é, no limite, autoritária."

Ele disse que não recebeu "nenhuma orientação" do Planalto sobre sua postura a partir de agora, à frente da pasta que carrega o lema do segundo mandato da presidente Dilma, Pátria Educadora. "Evidentemente que a partir do momento que estou no governo, tenho que pautar minha ação em acordo com o governo e se tiver críticas, serão dirigidas internamente".

CORTES

Apesar de a presidente Dilma ter garantido que projetos estruturantes do MEC não serão afetados pelo ajuste fiscal, a pasta, segundo Janine, já está fazendo levantamento "do que pode ser adiado sem maiores prejuízos".

"Vamos tentar escalonar", disse o ministro, sem dar mais detalhes. Questionado sobre propostas de seu antecessor na pasta, Cid Gomes, o secretário-executivo do MEC, Luiz Cláudio Costa, disse que a pasta está fazendo um estudo para "verificar a disponibilidade" de um Enem digital.

Mas já descartou esse formato na edição 2015 do exame e citou como possibilidade o uso inicial desse modelo para "treineiros", que ainda estão testando conhecimentos no exame. Após o incidente que culminou na saída de Cid, decorrente de sessão conturbada na Câmara dos Deputados, Costa minimizou atritos entre o Legislativo e a pasta.

"Vamos ter debates, divergências, mas não tenho dúvida de que as pautas da educação vão avançar bem [no Congresso]", disse.


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