Folha de S. Paulo


Professores decidem manter greve e voltam a protestar no centro de SP

Um grupo de professores da rede estadual fez uma nova manifestação na tarde desta sexta-feira (27) por ruas da região central de São Paulo. O ato terminou por volta das 18h30, na praça da República, onde fica a sede da Secretaria Estadual de Educação.

O grupo se concentrou na avenida Paulista, na frente do Masp (Museu de Artes de São Paulo), onde realizou uma assembleia e decidiu manter a greve iniciada no último dia 16. Os manifestantes então saíram em passeata, fechando vias como a Paulista, a Consolação e a Ipiranga.

Segundo estimativa da PM, cerca de 10 mil professores participaram do ato. Já os organizadores apontam que esse número pode ter chegado a 60 mil.

A categoria, que tem a data-base em março, reivindica reajuste salarial de 75,33%, o que, segundo o sindicato, visa a equiparação salarial com as demais categorias com formação de nível superior –o piso dos professores estaduais é de R$ 2.415,89.

Marlene Bergamo/Folhapress
Professores fazem novo protesto na av. Paulista, centro de São Paulo; categoria está em greve desde a semana passada
Professores fazem novo protesto na av. Paulista; categoria está em greve desde a semana passada

A Secretaria da Educação afirmou em nota, na noite desta sexta, que a greve dos professores "é extemporânea e ofensiva aos pais e alunos paulistas, uma vez que a categoria recebeu o último aumento salarial há sete meses, em agosto de 2014, o que consolidou um reajuste de 45%. É injustificável, portanto, uma paralisação sem qualquer tentativa prévia de negociação."

A pasta disse ainda que "o diálogo sempre foi a base da gestão". Durante a semana, o governo Geraldo Alckmin (PSDB) havia dito que descarta a possibilidade de se reunir com os docentes para discutir qualquer tipo de reajuste salarial por enquanto.

A greve já afeta a rotina de algumas escolas de São Paulo. Como a Folha mostrou nesta semana, há casos de escolas que liberando alunos uma hora e meia antes do normal e casos em que os estudantes ficam dentro das salas, mesmo sem aula.

Funcionários de uma das escolas visitadas pela reportagem na última quarta-feira (25) disseram que dois terços dos professores não compareceram na ocasião. Após ser questionada pela Folha, a Secretaria de Educação disse que os colégios chamarão professores eventuais para cobrir as ausências.

Editoria de Arte/Folhapress

Na nota divulgada nesta sexta, a secretaria afirmou que a média de comparecimento dos professores ficou em 92% ao longo da semana. "O registro mostra uma oscilação em relação à média diária de ausências, mas que têm sido supridas pelo grupo de 35 mil professores substitutos", afirmou.

O Estado possui cerca de 5.300 colégios, 230 mil professores e 4 milhões de alunos.

MOTIVAÇÃO POLÍTICA

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse nesta semana que a decisão de entrar em greve foi política. "De maneira intempestiva e dentro de um movimento político, no dia 13 de março, para fazer contraponto com a manifestação do dia 15", afirmou ele.

Ao falar do movimento político, Alckmin afirmou que a greve não tem sentido porque a Secretaria da Educação é aberta ao diálogo. O tucano disse também que não é adequado fazer uma greve oito meses depois do último reajuste. O secretário de Estado da Educação, Herman Voorwald, disse à Folha que a greve é fora de hora.

Procurada pela reportagem, a presidente da Apeoesp (sindicato dos professores do Estado de São Paulo), Maria Izabel Azevedo Noronha, rebateu o governador e negou qualquer envolvimento político-partidário no movimento. "Ele [governador] é que está fazendo essa relação política. Para ele, democracia só foi no dia 15. O dia 13 é como se não existisse. Nosso movimento foi decidido em janeiro na porta da Secretaria da Educação", disse.


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