Folha de S. Paulo


Greve de professores é 'fora de hora', diz secretário paulista da Educação

O secretário da Educação do governo Geraldo Alckmin (PSDB), Herman Voorwald, afirmou ter sido surpreendido com a deflagração da greve dos professores, pois já havia se comprometido em desenvolver um plano de reajuste para o mandato todo.

"Foi totalmente fora de hora. No mandato anterior, demos reajustes anuais, pagos a partir de agosto. Não entendo uma greve em março."

Ele afirmou que vai se reunir com representantes do sindicato para discutir plano de carreira dos docentes, mas que "não poderei negociar nada de salário".

Voorwald disse que, segundo dados da pasta, a quantidade de faltas de docentes nas escolas estaduais não aumentou com a greve. Leia trechos da entrevista à Folha:

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Como o sr. avalia a greve?

Herman Voorwald - Uma surpresa. Vínhamos conversando com todas as entidades, mostrando que em abril analisaríamos um plano de reajuste salarial para os próximos quatro anos, considerando a situação econômica.

Estipulei abril porque é quando temos os dados de março; em fevereiro há um feriado grande, o Carnaval, que prejudica muito a análise do desempenho econômico.

É uma situação como no mandato anterior, em que fizemos plano de aumento de 2011 a 2014, pago a partir de agosto de cada ano. É algo que este mesmo secretário já fez, não é uma promessa qualquer. Tudo caminhava bem quando a Apeoesp [sindicato dos docentes] deflagrou greve. Não entendi.

O sr. vai negociar salários?
Não. Nem tenho como.

Editoria de Arte/Folhapress

Isso não pode inflamar a rede?
Tenho de ser honesto. Não há como fazer qualquer projeção agora. Estamos abertos a qualquer outro assunto. Na segunda (30) temos reunião com a Apeoesp, marcada antes mesmo da greve. Está mantida. Podemos discutir a carreira. Mas não poderei negociar nada de salário.

Confio num bom senso, considerando que fizemos um plano de ganho real salarial no primeiro mandato. Temos um programa em curso. O pilar número um é valorização dos professores. Mas não posso ser irresponsável.

Na avaliação de vocês, a greve está forte? Temos relatos de escolas que dispensaram mais cedo os alunos.
Os dados que temos mostram que é uma greve deflagrada pela Apeoesp, que não se estendeu para a rede. Nosso controle mostra que tem havido 2,5% de faltas diariamente no Estado. É um número normal de ausências.

Por isso, nossa mensagem para os pais é que levem os filhos para a escola. Confiamos que os educadores seguirão cientes da importância de seu papel para os alunos.

É viável reajuste de 75%, como pedem os grevistas?
Esse número vem da avaliação de que um professor da rede pública deve ganhar como um profissional com ensino superior no setor privado. Temos de fazer algumas ressalvas. No setor público, você tem uma estabilidade que não encontra fora.

Além disso, imagina aplicar um indicador desse para uma massa salarial com mais de 200 mil professores? Desrespeitaria até a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Mas gostaria de ressaltar que a valorização dos professores é uma das prioridades da gestão. Estamos pagando R$ 1 bilhão em bônus [distribuídos aos servidores de escolas que atingiram metas de qualidade].

Há também a possibilidade de o professor ganhar aumento de 10,5% a cada três anos, a partir de prova de mérito. Reconheço que seja importante aumento linear no salário-base. Mas temos de garantir condições para valorização daqueles que se esforçam, que mostram mérito. Temos de ser justos com os comprometidos.


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