Folha de S. Paulo


Escolas dizem receber aluno com deficiência

Procurados pela Folha, colégios que haviam desencorajado a matrícula de criança com síndrome de Down negaram a posição tomada antes de a reportagem se identificar ou a justificaram sob argumentos como a garantia da qualidade do ensino.

O Pueri Domus, no Itaim Bibi (zona oeste), e o Lourenço Castanho, em Moema (zona sul), haviam recusado a vaga por já terem esgotado a "cota de inclusão".

Após a identificação da Folha, o primeiro disse que o faz pela "excelência". Já a sócia fundadora do Lourenço Castanho Sylvia Gouvêa afirmou que o colégio deveria ter conversado com a família pessoalmente -e não por telefone, como aconteceu- e decidido sobre o tema em conjunto, mesmo sem vaga.

Editoria de arte/Folhapress

No primeiro contato, a unidade do Porto Seguro no Panamby (zona sul) disse que não estava preparada, mas ofereceu nova visita.

Após a Folha se apresentar, declarou que havia se colocado à disposição para avaliar um planejamento conjunto.

As escolas Bilotta, em Pirituba, e Amorim de França, em Cruz das Almas, ambas na zona norte, disseram-se despreparadas num primeiro momento. Após a apresentação da reportagem, a primeira declarou ter estrutura para atender qualquer criança. A segunda disse "desconhecer tal tratamento", pois tem "vários alunos especiais".

Quando procurado pela primeira vez, o Madre Alix, nos Jardins, condicionou a matrícula à contratação de um acompanhante. Procurado depois, não se posicionou.

O colégio Rio Branco, em Higienópolis (região central) mostrou-se interessado em viabilizar a matrícula desde o primeiro contato.

Mas a diretora-geral, Esther Carvalho, criticou a lei brasileira. "Não é coisa que você resolve por decreto", diz. Ela sugere alternativas, como a criação de escolas especializadas em certas deficiências em diferentes regiões.

O colégio Gondim, na Brasilândia (zona norte), não respondeu ao pedido de matrícula nem à solicitação de posicionamento formal.

O Pio XII, no Morumbi, não retornou quando procurado antes de a Folha se identificar. Depois, disse não ter registro do contato e que aceita alunos com deficiência.

O Alves e Freitas, na Brasilândia, mostrou-se receptivo, mas nunca confirmou se aceitaria o aluno. Formalmente, não se pronunciou.

No primeiro contato, a escola Alecrim (Pinheiros) afirmou ter limite de um aluno com deficiência. Formalmente, a proprietária, Sílvia Chiarelli, disse considerar as particularidades de cada aluno. "Não temos regra. Somos flexíveis."

O colégio São Gonçalo, na Barra Funda, desencorajou a matrícula dizendo-se despreparado. Formalmente, não respondeu.


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