O programa de demissão voluntária da USP terminou com a adesão de 1.382 funcionários, o que levará a uma economia de 4,4% na sua folha de pagamento.
Em dificuldades financeiras, a universidade esperava que a redução ficasse entre 6,5% e 7,5%. Mas avaliava que, a partir de 3,25%, o programa já seria interessante.
O plano de demissão é a principal ação da reitoria para reduzir os gastos da universidade. Segundo os dados oficiais, a instituição usou no ano passado 106% dos recursos que recebeu do Estado só com a folha de vencimentos.
Quando estimou a economia em 6,5% com os cortes, a USP previu que apenas em 2018 deixaria de usar suas reservas para pagar as contas.
Nesse cenário, sua poupança cairia de R$ 1,7 bilhão para R$ 540 milhões.
Com o montante de demissões abaixo do esperado, a instituição pode ser obrigada a tomar outras medidas de redução de despesas, sob o risco de sua reserva acabar antes do término do deficit.
A Folha solicitou entrevista com representantes da reitoria para comentar a situação, mas não foi atendida.
A lista final do programa foi divulgada ontem (6) e representa 7% dos técnicos.
A relação possui 90 nomes a menos do que lista provisória, antecipada pela Folha mês passado. No período, os funcionários puderam recorrer ou mudar de ideia.
Apenas técnicos-administrativos estavam aptos ao programa, que excluiu os professores. Segundo o reitor, Marco Antonio Zago, havia "gordura" na classe de técnicos, que poderia ser cortada neste momento de crise.
Para o reitor, o crescimento das despesas com esses servidores até 2013 foi o responsável pelo deficit atual.
O sindicato dos funcionários se mostrou contrário às demissões, por entender que algumas atividades ficariam prejudicadas.
Além da demissão voluntária, a USP planeja vender alguns dos seus imóveis, fora dos campi universitários. Mas, segundo a reitoria, isso não será suficiente para atenuar fortemente o deficit.
BALANÇO
A USP finalizou também recentemente o balanço orçamentário do ano passado.
A instituição recebeu do governo estadual R$ 4,4 bilhões, mas teve de usar outro R$ 1 bilhão das suas reservas.
Segundo o relatório da administração da instituição, as despesas com pessoal em 2014 aumentaram, principalmente devido a reajuste salarial –o deficit só foi atenuado porque a USP proibiu contratações, mesmo para substituir aposentadorias.
Para piorar, os repasses do governo foram 5% menores do que em 2013, em termos reais, devido à fraca atividade econômica. A escola recebe parcela fixa da arrecadação do Estado com imposto.