Folha de S. Paulo


Professores da Unesp aceitam proposta, mas continuam em greve

Há 108 dias em greve, os professores da Unesp aceitaram nesta sexta-feira (12) a proposta da reitoria e do Cruesp (conselho de reitores de USP, Unesp e Unicamp), mas decidiram continuar com a maior paralisação da história da instituição.

A decisão ocorreu na plenária estadual da categoria. Dos 24 campi, seis seguem com paralisação de professores (Assis, Bauru, Franca, Marília, Presidente Prudente e Rio Claro) até a próxima reunião, marcada para sexta (19).

Os campi de Ilha Solteira e São Paulo (Instituto de Artes), que também estavam em greve, decidiram voltar ao trabalho na segunda (15) e na terça (16), respectivamente.

A greve dos servidores também continua. A plenária estadual dos trabalhadores está marcada para terça (16), em Botucatu, pois 8 dos 16 campi com paralisação da categoria ainda não realizaram assembleias.

Nos locais onde já ocorreram (Bauru, Guaratinguetá, Ilha Solteira, Jaboticabal, Marília, Rio Claro, Rio Preto e Sorocaba), a proposta em geral também foi aceita, mas ficou decidido que a greve continua.

Servidores e docentes reivindicavam 9,78% de aumento, mas os docentes aceitaram o reajuste de 5,2% proposto pelo Cruesp, a ser pago em duas parcelas –2,57% em setembro e mais 2,57% em dezembro–, e as ofertas adicionais da reitoria da Unesp.

Ela concedeu 28,6% de abono sobre um mês de salário para funcionários e professores, R$ 250 a mais de vale-refeição –que vai passar de R$ 600 para R$ 700 em outubro e para R$ 850 em janeiro– para ambos e mais 5% de reajuste para todos os servidores (o equivalente ao avanço de um nível no plano de carreira), valor a ser pago em duas parcelas –2,5% em outubro e 2,5% em fevereiro.

Por terem aceitado a proposta da reitoria, os docentes marcaram um indicativo para o fim da greve no dia 22 de setembro.

Eles terão uma nova reunião com a reitoria na quinta (18) e pretendem avançar em alguns pontos da negociação, segundo a Adunesp (associação de docentes), como o pagamento imediato dos R$ 250 a mais de vale-alimentação, a garantia de não haver retaliação aos grevistas, a participação dos comandos locais de greve na definição dos calendários de reposição das aulas e a retomada da contratação de professores.

O Sintunesp (sindicato dos trabalhadores) também quer o pagamento imediato do aumento no vale-alimentação, a garantia de não haver retaliação e a participação na definição da reposição do calendário, além de exigir o pagamento do reajuste de 5% em uma única parcela.

FOLHA DE PAGAMENTO

Ontem, servidores da Unicamp também aceitaram a proposta do Cruesp e da reitoria e decidiram voltar ao trabalho na segunda (15). Os professores da Universidade Estadual de Campinas já haviam voltado ao trabalho no começo de agosto.

Até a semana passada, o Cruesp afirmava que não era possível conceder reajuste salarial neste ano porque as três universidades estaduais paulistas "estão enfrentando níveis de comprometimento com a folha de pagamento que ultrapassam 90%, nível acima do recomendado para uma gestão responsável".

A Unesp fechou 2013 com 88,85% do seu orçamento comprometido com a folha de pagamento. Nos oito primeiros meses deste ano, a proporção subiu para 94,67%. Segundo a universidade, essa porcentagem deve chegar a 96% no fim do ano, caso professores e servidores aceitem a atual oferta.

A Unicamp fechou o ano com 92,29% do seu orçamento comprometido. Entre janeiro e agosto, o valor subiu para 96,63%. Procurada, a universidade não informou qual é a projeção para o ano após a proposta ter sido aceita.


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