Folha de S. Paulo


Universidades melhores no ensino buscam autonomia para seus alunos

Ronny Santos/Folhapress
Professores de engenharia, Eduardo Zancul e Roseli de Deus Lopes, orientam alunos da Poli na USP
Professores de engenharia, Eduardo Zancul e Roseli de Deus Lopes, orientam alunos da Poli na USP

Dar aos alunos autonomia e responsabilidade para solucionar problemas é o objetivo de métodos adotados em universidades com ensino bem avaliado no RUF 2014.

As características aparecem em cursos da UFMG, UFRJ, UnB, UFSCar e USP, que ficaram entre as melhores na análise que considera fatores como opinião dos avaliadores do Ministério da Educação. Os resultados foram divulgados nesta segunda (8).

Por meio de diferentes metodologias, a ideia é fazer os estudantes buscarem soluções para situações da futura profissão, em vez de ficarem nas cadeiras de sala de aula de forma passiva.

Em matéria sobre mediação de conflitos no curso de direito na UFMG, o professor apresenta casos em que pode haver conciliação entre as partes, como a briga de vizinhos devido a uma obra.

A turma foi dividida em três. Cada vizinho foi representado por um grupo e o terceiro fez o papel de conciliador. Ao professor coube balizar as discussões.

Editoria de Arte/Folhapress

A metodologia foi pesquisada na França pela professora Adriana Orsini. "Você só consegue passar a matéria se não fizer o ensino que o [educador] Paulo Freire chamava de 'bancário', que é aquela história de ficar num pedestal despejando coisa."

Nas aulas de engenharia química da UFRJ, o professor divide a sala em grupos e dá um tema para cada um estudar por uma semana. No horário da aula, o grupo entra em um site para responder conjuntamente a questões elaborados pelo professor.

A metodologia foi inspirada em experiências da Universidade Harvard e do MIT (instituições americanas).

"É preciso ter mudança cultural na universidade brasileira. Ela é, basicamente, a mesma em que o meu bisavô estudou", disse o professor Eduardo Sodré, da UFRJ.

Na medicina da UFSCar, os estudantes também são divididos em grupos, em vez das aulas tradicionais, para resolver problemas reais na área, desde o início do curso.

Já na enfermagem da Universidade de Brasília, alunos simulam em robôs situações reais de atendimento.

Na Escola Politécnica da USP, estudantes atuam em equipes para resolver problemas propostos por empresas. Dali já saíram soluções para rotulagem de alimentos.

As inovações foram implementadas em algumas disciplinas dos cursos dessas tradicionais instituições. "A universidade é conservadora", afirma Sodré, da UFRJ.


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