Folha de S. Paulo


Para sindicatos, 1º lugar de GO no Ideb surpreende, AL em último, não

O primeiro lugar de Goiás no ranking do ensino médio público do Ideb de 2013 foi surpreendente. E a última posição de Alagoas já era esperada. Foi assim que os representantes dos professores nos dois Estados reagiram à divulgação das notas do índice pelo Ministério da Educação nesta sexta-feira (5).

"Não acreditamos que o Ideb reflita o crescimento da qualidade da educação em Goiás. Não temos nenhum motivo para nos alegrar", afirma a professora Bia de Lima, presidente do Sintego (Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás).

Para ela, o ensino médio público é justamente o gargalo da educação no Estado, que ficou em primeiro lugar no país, com nota 3,8. Subiu quatro posições em relação a 2011.

Segundo a professora, Goiás tem um alto índice de evasão escolar, e os alunos estão trocando as escolas públicas pelas particulares.

"Um dos motivos para esse pequeno crescimento [na nota do Ideb] é justamente pelo número de alunos que nós perdemos. Quanto menos pessoas você avalia, mais a chance de elas terem um resultado melhor", diz. Ela não soube informar a taxa de evasão no Estado.

Editoria de Arte/Folhapress

Bia de Lima afirma ainda que o Goiás tem um deficit de 9.000 professores e de 15 mil profissionais de educação em áreas administrativas. Segundo ela, não há concursos públicos para a contratação de professores há seis anos –e há 15 para profissionais administrativos.

Ela também critica o salário médio dos professores, de R$ 2.500. "É ridículo. Qualquer pessoa em nível médio ganha mais do que professor pós-graduado em Goiás. Hoje, ninguém quer ser professor aqui."

As reclamações são semelhantes aos dos professores em Alagoas, último do ranking, com a nota 2,6 –a mesma de 2011, quando o Estado também ocupou a lanterna no Ideb.

Segundo a professora Maria Consuelo Correia, presidente do Sinteal (Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Alagoas), os professores ganham 39% a menos do que qualquer profissional com nível superior no Estado. O salário médio, segundo ela, é de R$ 2.300, para uma jornada de 40 horas semanais.

"Nos últimos anos, houve um descaso total com a educação. Nós tínhamos uma demanda de 3.500 vagas, mas abriram apenas 1.750. Só foram classificados 1.094, mas nem todos tomaram posse", afirma a professora.

Para ela, a última posição no ranking já era esperada. "Perdemos mais de 90 mil alunos. O caos está instalado aqui em Alagoas."

A reportagem procurou as secretarias estaduais de Educação de Goiás e Alagoas ao longo de toda a tarde. Nenhuma delas respondeu aos questionamentos até a noite desta sexta-feira.


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