Folha de S. Paulo


USP já teria falido se fosse uma universidade particular, diz consultor

Fosse uma universidade particular, a USP teria ido à falência, diz Carlos Monteiro, consultor que atua na reestruturação de instituições de ensino privadas.

"O percentual alto gasto com a folha de pagamento nas universidades públicas vai se tornando uma crise insolúvel. Aí surge a necessidade de se adotar medidas típicas do mundo empresarial, como o PDV [plano de demissão voluntária]", diz.

Segundo ele novidade desse caso é uma instituição "de ponta feito a USP" recorrer a essa prática. "Foi uma atitude corajosa."

Em universidades públicas, a medida não é comum. Há precedentes em empresas federais públicas, como a Infraero, ou de economia mista, como a Petrobras.

Com esse programa, a USP pretende reduzir de 105% para 85% o percentual do orçamento dedicado à folha de pagamento.

Para Monteiro, no entanto, o ideal é que esse índice ficasse em 70%, de modo a permitir que a USP continuasse a investir em ensino, pesquisa e extensão.

Ele afirma que também é necessário buscar receitas, com "pesquisas que tenham finalidade de gerar negócios" ou cobrança de mensalidade, tema polêmico por se tratar de órgão público.

Professor de direito constitucional na PUC, Marcelo Figueiredo afirma que, do ponto de vista legal, o programa de demissão da USP pode questionado, pelo fato de a decisão ter partido do Conselho Universitário, e não de lei estadual.
Na USP, a aprovação à medida não é unânime.

Assim que a proposta foi anunciada, professores da USP em Ribeirão Preto divulgaram manifesto, atribuindo a crise ao aumento expressivo de cursos e de estudantes e aos gastos com aposentadoria.

No mês passado, docentes do Instituto de Biociências também se posicionaram contra o programa. O argumento foi que o número de alunos cresceu sem ter havido investimento do Estado. O governo diz que repassa o previsto em lei.

Editoria de Arte/Folhapress

Endereço da página:

Links no texto: